terça-feira, 28 de maio de 2013

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Campanha contra os abusos no trânsito

Por Carlos Chagas

O vídeo abaixo contém cenas FORTES. Não recomendado para pessoas cardíacas, sensíveis ou menores de 18 anos.






No You Tube: http://www.youtube.com/watch?v=0D-rrYsDSBs
 
Muitos não param e pensam nas frases que dizem:

"Só mais um copo de cerveja".

"Aguento sim... dirijo bêbado até com uma mão!"

"Sono? Que isso! Aguento chegar até lá sem dormir!"

Mas não pensam nas outras seguintes:

"Perdi minha mãe atropelada por um bêbado"

"Meu irmão morreu bêbado no volante... confiava demais!"

"Minha família estava viva naquele ônibus... até vir aquele inconsequente com sono e matá-los todos".

Acredito que o mal é a ausência de empatia. Se você assistir a esse vídeo e não se compadecer dos personagens do mesmo é porque você é mais um integrante do grupo dos que não se importam em dirigir bêbado ou são. Caso se compadeça cuide-se para que não entre no grupo.


terça-feira, 21 de maio de 2013

Mais que a razão pura

Por Carlos Chagas

Este artigo faz parte da série O que é ser cristão? Caso queira acessar o índice clique aqui.


Apesar de Kant em Crítica à Razão Pura, ter deixado a ideia sobre Deus um tanto quanto vaga, em Crítica da Razão Prática se vê que Kant não nega (mas também não defende) que Deus exista. 

Kant procura pensar o homem e sua prática. Pensar em Deus é um tanto vago para ele, mas o agir do homem não. Assim, Kant procura estabelecer valores na ação do homem e chega à conclusão do homem ser uma entidade moral. Logo, suas ações ligam, de certa forma, ao desejo (por exemplo, à felicidade). Assim, o “objeto” Deus pode ser concebido. E se pode, sua realidade não é negada. 

Mas ainda sobre Deus, Kant passa a ser questionado em duas coisas: (1) E se a ideia de Deus for algo negativo como diria Nietzsche anos mais tarde? Ou seja, e se o conceito de moralidade do homem for algo variável e subjetivo, mas que se apresenta como objetivo? E (2) por que considerar o fato de que o homem necessita de uma moral deve ser estritamente ligada à felicidade e, com isso, alimentar uma ideia de um Deus bom? Parece que a ideia intitulada “Deus” só serve para unir valores morais universais e que este não chega jamais a ser uma pessoa ou algo do tipo. 

A ideia de que um dever imposto ao homem pelo próprio homem englobando a moral, categorizado por Kant parece matar Deus antes de Nietzsche e Zaratustra (protagonista criado por Nietzsche para anunciar a morte de Deus e o livramento da humanidade deste). Todavia, com tal crise para falar sobre Deus ainda não há como impedir a valorização da religião como realidade ao homem. Matar Deus, enquanto objeto, não anula o conteúdo religioso. Até então, o que vimos é que nem um sistema prático, nem um sistema filosófico, ao menos ainda, não resolvem o que se refere ao fim da religião. Uma vez que o homem se demonstra corrupto e desonesto em si e consigo, a religião ainda possuirá força. Não há conclusão dedutiva de Deus a partir da realidade vivida pelo homem que, como se vê na história, é cheia de altos e baixos. 

Então o que resta? Küng diz: “uma reflexão feita nas pegadas do conhecimento concreto da realidade, meditação esclarecedora, iluminadora com objetivo prático”. Logo, seria interessante relacionar Deus com a realidade e história humana visando algo crível, buscando a honestidade e responsabilidade racional da fé de forma até mesmo razoável, afinal, a fé não precisa necessariamente ser irracional. 



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terça-feira, 14 de maio de 2013

Provas da existência de Deus?

Por Carlos Chagas

Este artigo faz parte da série O que é ser cristão? Caso queira acessar o índice clique aqui.


Eis uma situação sem saída: se a fé em Deus pode ser provada logo deixaria de ser fé. E se a fé em Deus não pode ser comprovada até quando ela será razoável (aceita pela razão)? 

1- Se a revelação depender apenas de Deus, ou seja, se cabe a Ele o primeiro passo para a sua revelação ao homem, não caberá mais nada ao homem do que tão somente ter fé e se inclinar a compreender. No que tange ao cristianismo essa revelação se dá na sua Palavra – Creio para compreender. Tal pensamento permeia o meio protestante e evangélico. 

Assim, a compreensão sobre o que seja Deus parte somente Dele. A infinita distância entre Deus e o homem só pode ser vencida dialeticamente através de sua revelação. Assim, não há lugar para uma teologia que responda às necessidades do homem. 

Daí surgem as perguntas: Até onde o conceito sobre Deus deixará de ser não experimental? Falar sobre Deus não deveria englobar todo e qualquer homem? Onde ficam as experiências do homem? Deverei me anular e sacrificar minha inteligência? Perguntas justas já que: 

  • A fé não deve ser cega. O homem não deve ser violentado, mas convencido por meio de razões, para que possa tomar uma decisão responsável da fé; 
  • O homem não deve crer sem ao menos verificar. Deve haver nexo entre fé e realidade. 

2- Como pode o homem conhecer o sobrenatural se ele só entende o que lhe é racional? Até mesmo o que é tangível à fé, esta só é compreendida a partir de conceitos racionais – Compreendo para crer. Esta forma teológica de compreensão do mundo e de Deus é muito comum no meio católico. A partir da teologia natural, tendo a fé presa à razão, passa-se a conhecer Deus, que, por sua vez, deixou rastros de seu mistério ontológico na própria criação. 

Entretanto, o que se tem, é a criação de um Deus a partir da cosmovisão de mundo que cada homem tem. Aquele Deus de conceituação universal, dá lugar ao Deus segundo a imagem e semelhança do que a razão de cada um dita. E ainda nascem argumentos do tipo: 

a) Uma prova pode provar Deus? Seria possível provar a existência de deus sem, com isso, não criar um deus segundo o que vejo, penso, afirmo e acredito? 

b) Após provado, Deus ainda pode ser Deus? Se o humanismo quer, de fato, conceber a ideia de Deus e, quem sabe, porventura, venha a conseguir tal façanha, qual será o risco desse “Deus conhecido” não vir a ser considerado um objeto? Como atrair o extraordinário e submetê-lo a estudos ordinários de seres também ordinários? 

c) Qual é o limite da razão humana? Vale lembrar que Kant, em Crítica da Razão Pura, limitou não só o conhecimento de Deus por causa do que é numenal, como também limitou o próprio homem em seu raciocínio. Ou seja, aquilo que não é experimental e explicável razoavelmente não é real. Logo, Kant é a pedra no sapato para quem quer explicar Deus e Sua existência. 

Para a religião, se explicar diante do humanismo racionalista de hoje é algo complicado. Eis algumas dificuldades para isso: 

  • Para a razão de hoje, não há estrutura alguma que sustente a ideia de Deus e sua possível (ou suposta?) existência. Assim, cabe somente o niilismo; 
  •  Ainda que houvesse alguma realidade divina esta não seria um dado relevante. Não há, para a filosofia atual, experiência direta de Deus relevante ou confiável; 
  • Se não há como recorrer à experiência empírica (busca de conhecimento a priori), não há razão; não há conhecimento; 
  • E ainda que existissem argumentos criados a partir da experiência (conhecimento a posteriori), ainda sim deveria-se perguntar se estes arremetem à realidade humana e razoável; 
  • Se a fé é provada cientificamente esta poderá ser descartada pelo homem uma vez que ele já a conhece racionalmente, ao invés de a ela ser convidado. Além do mais, ainda que se racionalizasse a fé esta não seria em sentido universal já que a verdade não é uma para todos e sim para cada qual conforme seu interesse. 

Então como a religião escapará desta aporia (dificuldade de ordem racional)? 


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terça-feira, 7 de maio de 2013

Futuro da religião

Por Carlos Chagas

Este artigo faz parte da série O que é ser cristão? Caso queira acessar o índice clique aqui.

Do século XIX ao XX o que mais se ouviu foi sobre a morte de Deus. Discurso iniciado com Nietzsche e anunciado pelo período da I e II guerras mundiais não passou de falácias. A comprovação científica de tal fato nunca veio à tona. Se comprovar que Deus existe, de forma científica, ainda não aconteceu, quanto mais provar que o mesmo está morto. E se a morte de Deus ainda não é realidade científica, quanto mais complicado é, e para a tristeza dos ateus, o fim iminente da religião. 

O egoísmo científico está em achar que não necessita da religião e que esta apenas existe para a imundícia do mundo. Sabe-se que a ciência moderna veio surgir graças à religião. A religião nasceu primeiro e dela se originou a ciência. E há quem diz que o papel da paz no mundo cabe tão somente à religião. 

Inúmeros ateus já tentaram “matar” Deus. Feuerbach e Nietzsche foram os ateus que mais investiram suas vidas em prol da morte de Deus, todavia nunca conseguiram desvencilhar-se desta problemática religiosa. 

Mas talvez o maior descrédito fique com Marx que, após ficar embebido da filosofia de Feuerbach, sustentando a morte da religião após sua revolução, conseguiu apenas: 

1- Implantar um ateísmo agressivo, mesmo tendo em seu território religiões estabelecidas, que visava, de forma militar, acabar com todas as religiões através do extermínio e; 

2- Após perceber que não conseguiu tal coisa, foi obrigado a colher postumamente a dura e nova realidade: Um cristianismo que ao invés de estar em declínio, mostrou-se em ascensão, tendo 1/3 dos russos convertidos ao “lixo cristão” e 1/5 de soviéticos cristãos praticantes. Duro golpe se for parar para pensar que os russos, na época do senso, representavam 50% da nação. 

No processo de secularização iniciado no século XIX não foi dado maior atenção por parte de sociólogos e teólogos. O pouco estudo que se teve deste caso foi voltado à nostalgia da era ouro da igreja e/ou expectativa utópica do porvir. Assim, pesquisas exatas não aconteceram. Logo, os futurólogos secularistas acharam que religião nada mais era que doutrinas, ritos, comportamento, costumes, ritmos de vida e estruturas sociais. Mal sabiam que isto era nem metade. 

Só após o problema levantado com a implantação de regimes ateístas é que a religião foi mostrar, de fato, o que era: Um conjunto de impulsos e inspirações, convicções e atitudes, integração e força integradora, com fé, esperança e caridade que a legitima, tornando-a possível e a destacando como algo infinitamente maior. 

Religião não se resume ao sacral. Religião não é a pompa ostentada. Porém, já que a secularização começou o que não se pode mais parar, (não a curto prazo), pode-se dizer que o futuro da religião está fadado a: (1) interrupção do processo de secularização, mas a longo prazo, o que parece impossível; (2) ininterrupção da secularização, reduzindo as igrejas a minorias (pouco provável) e/ou (3) continuação da secularização todavia com alterações nas raias sociais dando maior autonomia às igrejas eclesiais ou extra-eclesiais. 

Até mesmo os especialistas em sociologia religiosa como Durkheim e Weber diziam que assim como a arte a religião sempre existirá. Pesquisas religioso-sociológicas confirmam que a religião atual não mais exerce influência direta em áreas como ciência, educação, política, direito e medicina. Principalmente quando envolve países de 1º mundo. Entretanto, em países de 3º mundo ainda se vê, e fortemente, lutas contra pobreza e independência. Já no que tange à cultura jovem, ou seja, em plena era humanista, nasce uma religiosidade nova, desde as formas inócuas da astrologia até ao culto ao demônio, ainda que em porões. 

A ideologia do secularismo visava a destruição das religiões. O cristianismo, em específico, apesar de não ter sido extinto, não mais foi o influenciador da economia e educação, por exemplo. Mas isso, de certa forma, não foi de tudo ruim: Assim, o cristianismo teve a chance de se concentrar em sua tarefa específica. Neste sentido, a secularização veio como uma grande chance. E se antes a religião era culpada por não responder enfaticamente o “de onde viemos?” e o “para onde vamos?” agora a bola da vez passa a ser a ciência secular, que se mostrou insuficiente nessas questões. 

Assim, até aqui, o que vimos é que a ciência não é digna, ou ao menos, é incapaz de assumir o que antes a religião controlava e representava. O ceticismo não se mostrou positivo, mas tão somente problemático. E sobre Deus, ainda é algo incompreendido. Culpa da religião? Culpa da ciência? Agora, mais do que nunca, a fé foi desafiada a prestar contas de suas afirmações e a não mais fugir do problema. 


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quarta-feira, 1 de maio de 2013

Era para ser mais uma noite

Por Carlos Chagas

Toda história impactante começa assim. E a minha não podia ser diferente. Era noite. Na verdade, o início dela. Fazia frio, ventava e era esperada a chuva, que não veio. Dentro de casa uma sala quente, confortável, controle remoto na mão. Assistia TV e tomava meu caldo favorito. Não que eu quisesse o caldo. Se tivesse uma pizza de frango com catupiry até que eu trocaria! Mas esse ainda não é o início da minha história.

O vento soprava, via meu filho, deitado no colchão estendido no chão, aos meus pés. Pensava em seu futuro e o meu com ele, claro, ao meu lado. Sempre ao meu lado. Pensava em suas brincadeiras enquanto criança, em seus estudos, em seu primeiro emprego, em sua família um dia constituída: minha nora e netos. Tão belo ele ali e eu aqui. Mas ainda não é o início da história.

Minha mente, em dado momento se esvaiu. Tudo que naquele instante eu pensava deixou-me. Lembrei de um dia atrás. Lembrei-me de meu amigo. Lembrei-me da nossa conversa naquele dia. Era sobre seu recrutamento pelo Exército Brasileiro e seu teste de sobrevivência na mata de Santa Luzia. 5 dias. Dias estes que seriam um pequeno teste do Exército para seus homens. Para ele, um grande período onde tristezas e conhecimentos viriam à tona. Para mim, um turbilhão de conexões dos pensamentos. Pensei em meu amigo. Pensei em meu filho. Pensei em ambos.

Meu amigo também é filho. Pensei em seu pai (e mãe também!) e em como ele deve ter recebido a notícia que seu filho passaria fome, frio, sede, medo e insegurança. Pensei então em mim e meu filho. Confesso que chorei. Chorei pela angústia de um pai que sente primeiro o que o filho vai sentir. Temi pelo meu amigo. Temi pelo seu pai que nem conheço. Temi pelo meu filho. Temi por mim. Em instantes, ainda com o caldo no prato, o qual se esfriava não na mesma proporção do corpo do meu amigo que, naquela noite sofria com o frio de 10 graus Celsius, mas com sensação térmica abaixo, já que todos dormiam molhados naquela noite, comecei a orar, não por mim, não pelo meu filho, não pelo meu amigo, mas pelo pai dele que, como eu, sentiu primeiro a dor do filho. Depois orei por todos nós. Orei pelo prato que comia. Orei pela refeição do meu amigo, que mais tarde descobri que havia sido uma cloaca de galinha com olho de coelho. A melhor do dia já que haviam achado ambos os animais na mata.

Após as orações pedi a Deus que me acalmasse e me perdoasse. Não só pelo egoísmo de pensar apenas em meu filho até aquele momento. Não por não pensar em meu amigo que naquela noite sofria num "pequeno" teste do Exército. Não por não levar em conta o sofrimento alheio, mas porque depois de tudo isso, de toda essa reflexão, fui acometido em desejar, novamente, a pizza de frango com catupiry. Por que esse egoísmo?

A noite continuava. O vento soprava. A sala continuava quente. A refeição gostosa. A tensão por sobre meu amigo. As atenções paternas em seus respectivos filhos. E meu egoísmo, que do nada veio aparecer nocivamente para mim. Mas algo de muito bom aconteceu: A chuva não veio! GRAÇAS A DEUS. Quem sabe o Pai pensou em seus filhos naquela mata naquela noite?

Obrigado a Deus pela misericórdia. Obrigado a você Waltin pela amizade. Obrigado!

P.S.: Ha! Ainda não é o fim da história...