terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Igrejas em células: desafios

Por Carlos Chagas

Existem Ovelhas e Ovelhas!!!



Versículo Destaque

"E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum" (At 2.44)

1- Propósito das Células

Sistema que deu o título a Paul Young Cho como o maior pastor do mundo, devido sua eficácia de criar mega igrejas o sistema de células tem passado por reformulações. Apesar de muito usado por charlatães este sistema ainda se mostra eficaz em qualidade e, por isso, ainda não se extinguiu. Por ser flexível este sistema pode se inclinar para números, ou para qualidade ou ainda para ambos. Mas há de se admitir que a melhor forma encontrada neste sistema é com seu uso monitorado pelo pastor e com leve inclinação à qualidade do ensino nas células. Tal prática cria cristãos firmes na fé e de qualidade, os quais, por sua vez, darão bons frutos, dentre os quais encontram-se os números.

2- Preconceitos e Desafios

A igreja caminha na fé cristã a mais de 2000 anos. E durante este tempo muitos sistemas organizacionais já foram implantados e muitos deles perduram até hoje. Talvez pelo tradicionalismo imperar na mente de muitos cristãos, tais sistemas não aceitam a implantação de um novo, como é o caso do segmento celular de crescimento da igreja. Alguns acusam as células de serem um câncer, ou de não serem bíblicas. Mas ao se observar, no NT, não há nenhum sistema atual de igrejas com modelos lá, já que o conceito atual de igrejas que se tem hoje só nasceu no século IV. As igrejas da época mais se pareciam congregações se se comparadas às de hoje.

É diante destes pensamentos e de outros é que as células se demonstram plausíveis de estudo e de observação às suas práticas. Sabendo que em sua história de existência as células trouxeram consigo marcas ruins de má utilização e que vários não a aceitam, mostra-se importante a mudança do caráter e de apresentação de bons resultados. Portanto, se você se faz presente neste sistema cabe a você trazer tais resultados provando a todos e a você que tal sistema é digno de aceitação.

3- O Aceitável numa Célula

Uma vez entendido o que é uma célula o que destacar de aceitável em seu meio?

1- O ensino: este chega com mais facilidade e com mais força, já que não é centralizado em uma pessoa apenas;
2- O evangelismo: praticado com amor e dedicação este se mostra muito eficaz no discipulado do neófito já que este será melhor abraçado;
3- Crescimento: Os números são importantes, mas quando acompanhado de qualidade e bons frutos;
4- Decência: Tudo deve seguir uma lógica e também o Evangelho. A santidade e a profanação andam tão perto uma da outra que às vezes se confundem;
5- Trabalhadores: após tratamento e estudos apropriados qualquer um é aceito para a seara. A formação de um líder começa no seu caráter e depois nas demais áreas.

4- O Inaceitável numa Célula

Como em qualquer empreendimento, seja ele secular ou santo, sempre há o amor pela obra executada. Não seria diferente nas células. Mas o que poderia ser destacado como nocivo à igreja que adota as células como seu sistema organizacional?

1- Panelinha: às vezes a comunhão é confundida com grupos de convívios, os quais não se abrem a outros e nem se expandem de forma sadia. Isso é um problema;
 2- Cristianização: diferente da evangelização esta se destaca com a imposição de regras ditas cristãs e formas de conduta. Tal prática é estéril, da qual não se espera bons frutos;
3- Santarrões: as células nascem para abraçar e não para expelir. Um não-crente deve se sentir à vontade e com vontade de voltar. Mas às vezes a “santidade” extrema o afasta;
4- Disputas: muito comum entre líderes de células. Devido ao tempo de prática em células alguns líderes se acham melhores que os demais causando assim uma disputa que é extremamente nociva ao seu meio;

O que você acha das células?

5- Conclusão

Assim como em qualquer sistema eclesial nas células também existem desafios, problemas e vantagens. Não há um sistema melhor que o outro e sim o mais adaptável e aceito. As células ainda se demonstram eficazes quando levadas a sério e praticadas com esmero. A liderança exemplar de uma célula jamais se mostra como o melhor e sim como produtivo e dedicado à obra do Reino.

As células se demonstram também excelentes grupos incentivadores da prática cristã, tirando o cristão do comodismo e levando-o à prática de seu chamado. São hábeis em diagnosticar problemas e também rápidas em saná-los.

Fontes Consultadas: 

Perguntas e Respostas do Yahoo.com 

Artigo: Igrejas em células – Rev. Moisés Bezerril 

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terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Um dia que marcou minha história

Por Carlos Chagas

De 2005 a 2008 eu procurei estudar teologia. E esta faculdade que escolhi era reconhecida pelo MEC e por ser assim era interdenominacional, ou seja, não defendia placas de igrejas, mas não se desvencilhava da teologia cristã. Logo, estudávamos todas as teologias possíveis e relevantes para o crescimento teológico.

Lembro-me que certa vez tivemos um evento chamado de "Semana de Reflexão Teológica", onde tivemos contato com minorias cristãs que traziam práticas litúrgicas que muitos não têm acesso fácil. Foi então que escolhi entender as CEB's (Comunidades Eclesiais de Base), uma ramificação católica onde se inverte momentaneamente a pirâmide do poder da igreja católica, onde o povo, que é a base da pirâmide católica, passa a ser o topo. Assim, no decorrer da missa, a atenção especial daquele singelo momento passa a ser o povo e seu Deus.

Na ocasião, quem explicava para nós a dinâmica das CEB's era o Frei Gilvander. Lembro-me que em dado momento ele passou um vídeo mostrando que a missa era uma espécie de festa onde se tinha a ministração da palavra junto com louvores e depois era os "comes e bebes", onde era servido comidas típicas como pão-de-queijo, suco, café, bolo, etc. Mas em dado momento a música cessou e o padre pediu para que todos lembrassem da morte e ressurreição de Cristo. Neste momento o alimento sólido que está na sua mão deveria ser levantado e, após dar graças, eles comiam, independente de ser pão, bolo ou biscoito. Assim também era feito com o líquido que se tomava no evento. Frei Gilvander salientou que Jesus Cristo usou pão sem fermento e vinho tinto porque eram comidas típicas dos judeus da época e que se fossem outros povovs ele usaria outro tipo de alimento já que não é o alimento em si que faz a diferença e sim a memória do evento, que é a morte salvífica de Cristo.

Fiquei maravilhado com a ministração e fui embora para casa pensando naquelas palestras. Dado dia encontrei com um pastor amigo meu que começou a falar de Bíblia. Como sempre acontece, pastor e teólogos não se "dão tão bem", principalmente quando o teólogo não é da linha tradicional de compreensão teológica da Bíblia, que é o meu caso. Em dado momento de nossa conversa ele me perguntou o que eu estava estudando na faculdade. Percebendo a malícia de sua pergunta contei sobre o que aprendi com as CEB's. e como elas são interessantes uma vez que coloca o povo em plena participação da Ceia do Senhor, coisa que não acontece nas missas tradicionais na Igreja Católica. Foi o estopim da crise em nossa conversa. Este pastor se sentiu ofendido em sua fé e disse: "Carlos, você está de brincadeira comigo... como pode isso! Realizar uma Ceia com bolo e café... inaceitável". Expliquei para ele que o fato de se usar outro tipo de alimento não desmerecia o evento, que é relembrar a obra de Cristo. Ele concluiu: "Irmão, me desculpe, mas para mim, desviar um pouquinho que seja da Bíblia, o mínimo que seja, é heresia...". Interrompi ele no ato para dizer: "Pois é pastor, então estamos todos no inferno a mais de 200 anos... porque nós não ceiamos com pão SEM fermento e VINHO tinto, e sim com pão comum e suco de uva". Ele se calou.

Isso aconteceu a quase uma década. Raramente cito isso. Mas achei interessante escrever isso aqui para que todos refletissem em sua postura e pensamento. Será que o nosso foco é de fato no objetivo que Jesus quis mostrar ou nos meros elementos que Ele usou? Será que o nosso radicalismo faz com que vivamos a mensagem Bíblica ou só nos faz sermos cristãos superficiais? Será que trocaríamos nossas crenças cristãs por Jesus Cristo? O que vale mais: Jesus Cristo ou a liturgia?

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Ser cristão, catalisador crítico

Por Carlos Chagas


 Este artigo faz parte da série O que é ser cristão? Caso queira acessar o índice clique aqui.


Portanto, se o cristianismo, enquanto religião precisou se adequar ao mundo sem perder sua singularidade assim também devem ser as demais religiões. Mas tais mudanças não devem ser estereotipadas como o foi nos movimentos sociais já comentados aqui de antemão, mas que tais mudanças repensem a forma de ser de hoje para o amanhã. 

Assim o cristianismo serve como modelo para as demais religiões, as quais devem visar neste: 


- O não-domínio de uma religião, mas a busca de uma singularidade que não visa o proselitismo e nem a arrogância de mera existência; 

- A negação do sincretismo mas a busca pelo mesmo objetivo, a saber, o bem. 

- As religiões devem ser, nas palavras de Küng aquela “...que não renega as próprias convicções religiosas, como também não impõe nenhuma solução determinada: que transforma a crítica alheia em autocrítica e, simultaneamente, aceita tudo que for positivo; que nada destrói que tiver valor nas religiões, como não assimila acriticamente nada que não tenha valor”. 

Desse modo, ser cristão seria uma forma de lutar não pela religião (título) mas pela qualidade de ser cristão, que é ser humanizado. Tal diálogo visaria o respeito das partes sem buscar mudanças egoístas, o que destacaria a qualidade de ser religioso não importando a especificação religiosa. Lutar-se-ia assim contra o absolutismo arrogante que despreza a riqueza alheia por puro egoísmo, contra o ecletismo irresponsável, que aceito de tudo um pouco e valorizar-se-ia não a exclusividade, mas a singularidade de ser. 

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terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

De novo na Lei???

Por Carlos Chagas

Sentado em minha sala com um amigo e seu notebook percebi que ele estava em seu email. Perguntei: "Você tem internet 3G?" Ele me respondeu que não. Tornei a perguntar: "Mas como você está na internet se eu não tenho internet Wireless?" Ele me disse: "O seu vizinho tem uma internet Wireless com senha... chutei uma aqui e o modem dele aceitou... agora estou usando a net dele!" Daí tornei a perguntá-lo: "E você não acha que isso é roubo não?" Ele me respondeu: "Quando ele colocou sistema Wireless na casa dele aposto que nunca se preocupou com o sinal avançando suas divisas e nem se tal sinal iria atrapalhar aparelhos domésticos seus como o micro-ondas... logo, também não perguntarei a ele a senha se já descobri e uso seu sinal que está aqui disponível na sua casa, afinal, isso não caracteriza roubo. Se ele acha isso ruim ou injusto, troque a senha ou diminua a intensidade do sinal do modem."

Já se deparou com uma situação onde a Lei brasileira não alcança poder e alguém, ou você próprio, tomou uma escolha para si e a pôs em prática prejudicando ou criando uma polêmica como a da situação acima? Já parou para refletir nela? E já a comparou com os tempos de Jesus quando Ele quebrou o jugo da Lei mosaica com o Evangelho?

Comecei a pensar e escrever este artigo porque percebi que no Brasil, ao menos, há uma valorização da Lei nacional, ainda que da boca pra fora, mas em pouco nos efeitos que ela deveria produzir que são a justiça, ética, moral, ordem, decência e pudor. Assim como a Lei brasileira tem tais objetivos a Lei religiosa também os tem, diferenciando em pouco seus objetivos. Lei é para garantir direitos, deveres no intuito de que a vida vá bem e em progresso. Mas quando esta Lei não consegue garantir tais efeitos pessoas intencionadas (ou mal intencionadas?) se apropriam desta fraqueza para praticarem suas intenções, que, em muitas vezes, não estão de acordo com os objetivos da Lei, que foram mencionados acima.

Restringindo ao Evangelho e à vida que o cristão deveria levar percebo que muito dos cristãos usam das brechas das leis para tirarem "lucro" da situação. É pegando crianças de colo emprestadas para irem à fila prioritária, ou mandando seus avós pagarem as contas (com intenção de agilidade). É furando bloqueios ou estacionando em local proibido, como vagas para deficientes físicos. Enfim, parece que Cristo nem veio ao mundo!!! Sua intenção era mostrar aos seus que a Lei não consegue trazer a moral e os frutos e que isso só é possível quando esta Lei fosse transplantada para dentro do coração do homem o qual, com o arrependimento, passaria a ser agente transformador da vida, promovendo-a.

Mas o que vemos hoje são os cristãos, que se dizem promovedores da vida, voltando aos velhos rudimentos do mundo e da lei, deixando de lado o objetivo principal do Evangelho. Não quer dizer que só porque há uma brecha na Lei que isso lhe dá o direito de fazer algo que até em sua consciência é algo condenável. Aliás, na vida de um cristão, o que deve estar em voga é tentar fazer algo que nem ao menos lhe foi pedido no intuito de promover vida. Sejamos assim!