Por Carlos Chagas
Certa vez li a seguinte frase: “Deus fez as pessoas; o diabo
as junta”. Pensando na frase o mínimo que se pode entender é que talvez tal
compreensão se dê pela desorganização que os seres humanos têm e compartilham
entre si causando desconforto ao seu próximo. Mas foi pensando nesta
desorganização é que nasceu a política, que é a imposição de regras à
negociatas públicas trazendo maior habilidade no trato das relações humanas com
vista à obtenção dos resultados desejados. Logo, política é buscar organização.
Quanto a ser igreja? Sabemos que igreja é um ajuntamento de
pessoas (mas que não compartilham da ideia da frase acima) as quais buscam um
denominador comum. E como toda organização esta também possui sua política,
conjunto de regras que a define melhor e a mantém organizada evitando qualquer
corrupção. Esse conjunto de regras políticas possui diversas divisões com nomes
tipo: Base de Fé, Teologia, Regimento Interno, etc. Todos, de forma
interligada, traz um sentido e ordem, fazendo com que o grupo seja político,
seja organizado, seja racional, seja, enfim, relacional, tanto entre homens
como com Deus.
Ora, então se igreja é a tentativa de organização do mundo e
política também a tentativa de organização do mundo pode-se dizer que igreja e
política são em suma a mesma coisa? A resposta é não e saiba por que. A igreja
busca um objetivo, que é Cristo e sua mensagem. A política, tal como
conhecemos, busca um povo assistido com bases para a não-corrupção do mesmo.Ou
seja, um procura um Ser para todos, outro procura todos para controle entre si.
Um é organismo, outro é organização.
Afinal, aonde se quer chegar aqui? Eis o ponto: Durante
todos estes dias temos visto evangélicos e católicos (cristãos em geral)
defendendo, atacando, provando, caluniando dizendo e gritando tudo sobre
política. Uns mais informados outros nem tanto. Todavia todos falando sobre as
eleições do fim de semana. Entretanto, é lendo e tendo contato com tais
investidas é que vemos ambas as instituições falharem em seus objetivos: Vemos
os da igreja perdendo os objetivos da igreja por adotarem política demais e os
da política deixarem seus ânimos se exaltarem e não praticarem a política
(organização). São ataques em dois pesos e duas medidas, onde se ataca o
inimigo com um critério que poderia ser o mesmo que me derrubaria; informações
desencontradas que mais parecem golpes às cegas onde se calunia com ar de
verdade, típico da imprensa brasileira, esta que é comprada por qualquer valor
monetário, a busca por um herói ou heroína que conserte o Brasil de uma vez por
todas, ideal este que chega a ser acreditado de fato por muitos esquecendo-se
estes que tal crença morrerá semana que vem quando for percebido que tal sonho
nasceu em outras eleições com outros candidatos.
Sonhar é bom e ser organizado também. E se você é igreja,
tente ser politicamente correto, da mesma forma que se quer ser político tento
sê-lo de forma neutra, sem histeria ou desonestidade, seja ela moral,
intelectual, partidária ou qualquer outro. Lembre-se da história cristã no
poder: Imperadores que criaram um Estado corrupto disfarçado de Igreja, de
Papas que matavam por Deus, e, para não deixar o Brasil de fora, a CPI das
sanguessugas, que possuía em sua integração mais de 50% da bancada de
representantes evangélicos. Igreja deve ter política, deve ter organização,
para que o povo não se corrompa. Pensando em Brasil, política é para este país,
para que este seja beneficiado e não seu escolhido político. Não traia seu país
como você está traindo Jesus Cristo, tirando sua Glória e poder, transferindo
para um que, com mínimas, palavras, lhe promete algo que conquista sua
confiança mais que o Salvador que lhe tirou do poço de Satã. Política se faz
com honestidade, com ordem, decência e progresso, e não como se tem feito
nestes últimos dias, onde todos falam e ninguém ouve ninguém. Aliás, muitos
repetem o que nossos líderes têm feito: Ouvem, mas não escutam! Fingem se
importar, todavia caminham os mesmos passos.
Agora é hora de ser igreja: Estude, escolha e vote. Depois
ore para que o eleito seja fiel ao povo, não de forma partidária, mas de forma
democrática, assim como manda nossa Constituição. Seja igreja, seja político.
Seja uma igreja com política.
Uma homenagem ao meu amigo e considerado mais que irmão
Amiel Abner que não só hoje mas sempre que possível me leva a refletir coisas
além do meu intelecto. Obrigado por ser precioso! Abração. A Cristo Sua Glória.
Em resposta ao texto "Política x Igreja" de Amiel
Abner.