Por Carlos Chagas
Esta semana o Brasil assistiu estarrecido à carnificina incompreensível de Wellington Menezes de Oliveira em uma escola do Rio de Janeiro (para ler sobre o assunto
clique aqui). Confesso que evitei um pouco assistir à tal coisa uma vez que a mídia usa de sensacionalismo para trazer tais matérias. Não consigo acreditar que estão discutindo sobre a necessidade de se colocar seguranças nas escolas por causa disso, como se tais seguranças estivessem livres de serem chacinados por alguém que sai de casa com a intenção de perder a própria vida ou que os mesmos evitariam tal barbárie. Outra baboseira que se vê é a polícia "dar geral" nos estudantes por todo o Brasil só porque tal coisa aconteceu. Eu, Carlos Chagas, vi hoje tal coisa e achei uma tremenda palhaçada por parte da polícia: Por que fazem o serviço depois de um acontecimento do tipo?
Todavia muitos me cobram uma análise de sua carta que é, no mínimo, intrigante para religiosos. E realmente a carta é muito interessante. Vamos a ela:
Transcrevendo para cópia de caracteres:
Primeiramente deverão saber que os impuros não poderão me tocar sem usar luvas, somente os castos ou os que perderam suas castidades após o casamento e não se envolveram em adultério poderão me tocar sem usar luvas, ou seja, nenhum fornicador ou adultero poderá ter contato direto comigo, nem nada que seja impuro poderá tocar em meu sangue, nenhum impuro pode ter contato direto com um virgem sem sua permissão, os que cuidarem de meu sepultamento deverão retirar toda a minha vestimenta, me banhar, me secar e me envolver totalmente despido em um lençol branco que esta nessa prédio, em uma bolsa que deixei na primeira sala do primeiro andar, após me envolverem nesse lençol poderão me colocar em meu caixão. Se possível, quero ser sepultado ao lado da sepultura onde minha mãe dorme, minha mãe se chama Dlcéa Menezes de Oliveira e esta sepultada no cemitério Murundu. Preciso da visita de um fiel seguidor de Deus em minha sepultura pelo menos uma vez, preciso que ele ore diante de minha sepultura pedindo o perdão de Deus pelo o que eu fiz rogando para que na sua vinda Jesus me desperte do sono da morte para a vida eterna.
Eu deixei uma casa em Sepetiba da qual nenhum familiar precisa, existem instituições pobres, financiadas por pessoas generosas que cuidam de animais abandonados, eu quero que esse espaço onde eu passei meus últimos meses seja doado à uma dessas instituições, pois os animais são seres muito desprezados e precisam muito mais de proteção e carinho do que os seres humanos que possuem a vantagem de poder se comunicar, trabalhar para se sustentar, os animais não podem pedir comida ou trabalhar para se ahmentarem, por isso, os que se apropriarem de minha casa, eu peço por favor que tenham bom senso e cumpram o meu pedido, pois cumprindo o meu pedido, automaticamente estarão cumprindo a vontade dos pais que desejavam passar esse imóvel para meu nome e todos sabem &sso, senão cumprirem meu pedido, automaticamente estarão desrespeitando a vontade dos pais, o que prova que vocês não tem nenhuma consideração pelos nossos pais que já dormem, eu acredito que todos vocês tenham alguma consideração pelos nossos pais, provem isso fazendo o que eu pedi.
Acima se tem a cópia original da carta de Oliveira. Confesso que não sou perito gráfico ou criminal, apenas um leigo. Entretanto eu achei um tanto quanto estranha a estrutura da carta, chegando ao ponto de desconfiar da mesma. Vamos às minhas observações:
1- A assinatura: Perceba as dificuldades que Oliveira tinha para assinar seu nome. Na letra "g" de seu primeiro nome ela parece ter sido feita em 3 tempos: a 1ª parte imendando com o "t", depois a parte superior para depois a "perna" do "g". O último "n" do 1º nome esta muito trêmulo, o que conota certa dificuldade na escrita. Assim repete no "o" de "Oliveira" e no 1º "i" do "Oliveira que houve uma interrupção na escrita para que depois se iniciasse o "v". Todas essas dificuldades são típicas de garotos com idade entre 7 a 14 anos. Ele tinha 23 anos.
2- A estrutura da carta: Apesar da péssima pontuação a grafia das palavras está correta. Talvez isso se dê ao fato de ter sido digitado no computador tendo um programa com autocorreção de grafia como o "Word". Outra característica interessante é a estrutura da carta. Ela está dividida em partes: 1º) Posição religiosa; 2º) Exigências pós-morte; 3º ) Visão social e ecológica; 4º) Intimação e exortação à família e 5º) Assinatura. Apesar de mal pontuada a carta possui uma articulação de palavras interessante, apesar de se usar palavras repetidas. Tal carta sugere diversas hipóteses: Ou ele escreveu e releu diversas vezes corrigindo sua estrutura até ficar como tal; ou alguém o ajudou; ou ele é um caso interessante a ser pesquisado.
Parece exagero meu mas acho um tanto quanto estranho um rapaz ter tanta dificuldade em assinar o próprio nome e ter tanta ousadia nas palavras com estrutura linguística interessante e com instruções ricas apesar dos erros.
Quanto à parte religiosa Oliveira se demonstra fundamentalista destacando-se um puro já que ninguém o pode tocar, pois assim, ou o torna impuro ou torna quem o toca puro. Sua visão de pureza se restringe tão-somente ao campo sexual por fazer uso de palavras como "adultério", "virgem", etc. Parece ter inclinação ao Cristianismo por exigir que um seguidor de Deus (qual Deus?) ore sobre seu túmulo para que na volta de Jesus (julga-se ser o Cristo e, por conseguinte, o Deus cristão) não o deixe dormindo eternamente.
A expressão "sono da morte" arremete à teologia dos Adventistas do 7º Dia, por estes acreditarem no estado de inatividade entre a morte e a ressurreição (espécie de sono), mas nada que comprove tal coisa. Todavia a palavra "rogando" é muito usada na liturgia católica, porém pode ser encontrada nas Bíblias Revistas e Corrigidas, muito usadas por evangélicos pentecostais. Sem mencionar que sua preocupação com pureza e impureza ligadas à sexualidade também arremete ao meio evangélico. Mas os evangélicos não crêem na oração aos mortos, coisa que ele exige. A preocupação com o branco do lençol também é interessante.
É difícil descrever o perfil religioso de Wellington, já que não se define na carta, todavia tem traços fortes do catolicismo misturados com o protestantismo e, quem sabe, com doutrinas orientais (lavar o corpo e vesti-lo de branco). O fato é que, se a carta foi realmente escrita por ele (eu tenho minhas dúvidas) ele com certeza sofria de dificuldades e dúvidas religiosas. Mas também não sei afirmar se isso o infuenciou em suas decisões. O que nos resta? Orar pelos afetados por sua barbárie.
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Ratificação do artigo após 12/04/2011
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A matéria acima foi escrita por mim dias atrás quando o atentado ainda era de dias. Após perceber que esta matéria aparecia no Google em seu primeiro link (primeira página) e que o número de acessos ao meu blog cresceu assustadoramente senti na necessidade de agregar mais informações acerca do caso. Todavia tais informações não serão do tipo mais comum da Internet (o famoso “copia” e “cola”).
Nos parágrafos acima eu mencionei que Wellington Menezes de Oliveira era possivelmente cristão e com pouquíssimas ligações com religiões orientais (talvez o Islamismo). E estava certo. Após serem encontradas e divulgadas as cartas de próprio punho de Wellington Menezes de Oliveira ficou claro que ele era uma Testemunha de Jeová desviada (em suas cartas ele usa a sigla “TJ” para se referir a tal) e com poucas afirmações sobre o “11 de Setembro” que, para ele, tem ligação com o Islamismo. Eu, Carlos Chagas, não acredito em tal ligação.
Publicarei uma matéria no dia 05 de Setembro deste ano na qual tratarei do assunto.
As cartas que estão publicadas mais abaixo têm trechos interessantes e conteúdo bastante controverso. Grande parte dos trechos é de difícil leitura e com códigos que ainda estão por serem decifrados pelas autoridades competentes. Ainda sobre as cartas estas fazem menção de nomes como “Abdul” e “Philip”, mas ainda não se sabe se estes existem ou são fictícios. Entretanto a polícia investiga tais nomes e sua possível existência.
Vamos ao material coletado na casa de Wellington Menezes de Oliveira:
Material teológico que Oliveira teve contato:
Cartas escritas, segundo a polícia, com próprio punho:
Vídeo onde Wellington Menezes de Oliveira fala de suas atitudes e planos:
Sobre o vídeo dá para ver a incoerência de Oliveira ao expor suas ideias quando comparadas às palavras das cartas (manuscritos). Ainda no vídeo percebe-se o quanto o rapaz queixa inconsciente (talvez) de seu isolamento social. A marginalização do mesmo pode ter criado o monstro, o que demonstra que a sociedade pode estar criando vários outros quando isola mendigos, travestis, drogados e muitos outros que não se adequam aos moldes sociais ditos "normais".
Sobre o material teológico fica claro que, os documentos impressos são de doutrinas das Testemunhas de Jeová. Defendo o Salão do Reino dizendo que tais estudos não levam ninguém a tais atos mesmo sendo eu um não-adepto de tal crença. Vale dizer que o pensamento de Wellington, em suas cartas escritas à mão, não estão em conformidade com a doutrina pregada pelas Testemunhas de Jeová.
Porém é inegável que tal teologia influenciou seu pensamento. Várias vezes em suas cartas ele menciona que Deus está em seu lado e que Ele o recompensará por seu arrependimento e retorno à obra de Deus. Tal teologia sofre uma contaminação com sua compreensão sobre o que seja a vontade de Deus quando comparada à ideia disseminada no 11/09/2001, quando o WTC e o Pentágono dos EUA foram surpreendidos por aviões comerciais. Naquela época o que foi difundido foi que a religião islâmica tinha parte com tal ato. Até aos dias atuais isso é muito propagado na mídia e combatido por uma minoria (da qual faço parte).
Outro problemas no material acima é o fato de ser mencionado nomes como “Abdul” e “Philip”. Mas os tais ainda são uma incógnita. Já existem jornais que afirmam que Wellington Menezes de Oliveira possuia ligação com terroristas da África e da Ásia. Mas isso é forçar a barra já que se percebe a enorme confusão no cruzamento dos dados de suas cartas e também por este não ter nenhum indício mais direto de ligação com tal facção. O fato é que muitos jornais criam tais ideias para venderem mais exemplares uma vez que a palavra "Terrorismo" ganhou fama após 11 de Setembro de 2001. Quanto ao fato de o próprio Wellington ter mencionado sobre torres altas, 11/9 e coisas do tipo não o faz um terrorista de nível islâmico. Sua postura em nada condiz com a de um terrorista asiático, apesar da barbárie praticada. Seu perfil é de um perturbado psicologicamente. E talvez isso se deu por pressão religiosa e/ou familiar, o que é latente em suas queixas, e que fica mais claro quando ele esboça uma ideia sobre o que seja seguir fielmente a Deus: Fazendo sua vontade. Mas qual é essa vontade?
E ainda continuo a bater na tecla: Por que a assinatura de Wellington não coincide com sua letra das cartas encontradas pela polícia? O desenho das mesmas não conferem... estranho não?
(ARTIGO EM CARÁTER DE MUDANÇAS POSTERIORES CONFORME NOVAS DESCOBERTAS)