terça-feira, 2 de julho de 2013

Hipótese

Por Carlos Chagas

Este artigo faz parte da série O que é ser cristão? Caso queira acessar o índice clique aqui.

Assim como Kant, todos devem se perguntar sobre a verdade de forma reflexiva. O que posso saber? O que devo fazer? E o que posso esperar? São perguntas razoáveis não só para aqueles que buscam a Deus, mas também para aqueles que querem compromisso com a verdade. 

A busca por provar a existência de Deus se dá pela necessidade do homem se explicar também existencialmente. O fim desta necessidade de explicação é o alcance de sentido e de verdade. Mas essa busca pelo questionamento sobre Deus e sua existência não pode culminar no niilismo, já que é o caminho oposto é a própria covardia. Se o homem procura saber sobre a existência de Deus deve acreditar na sua própria existência procurando, assim, sentido nela. Logo, na realidade deve ser enxergada a vida, o sentido e o valor. Então, a busca do homem pela realidade não é com desconfiança e sim com radical confiança.

Entretanto tal confiança não anula a certeza numa realidade que é incerta. Além disso, a realidade sobre Deus é construída pelo homem também a partir da concepção da realidade que o cerca. E a facticidade enigmática da realidade está na sua não-compreensão do real ou não-real, do ser ou não-ser, no crédito de confiança básico ou do niilismo. Mas o homem também é definido a partir da realidade. Logo, se Deus pode ser negado por que não e também o homem? E se Deus pode ser aceito, e deve ser, por que não o homem também? Nas palavras de Küng: “Se o homem não abrir mão de compreender-se a si mesmo e a realidade em geral, as últimas perguntas, que são também as primeiras e estão a exigir resposta, deveriam ser respondidas. E nesse ponto, o crente está em competição com o descrente, quanto à maneira mais convincente de interpretar as experiências humanas essenciais”. 

Assim, a percepção da realidade pelo homem pode partir ao menos de duas hipóteses: da inexistência de Deus ou da sua existência.

1- Não perceber de onde e para onde vai a realidade não dá certezas sobre a existência de Deus e nem para sua inexistência. Sabe-se que se Deus existisse o conceito sobre realidade seria mais bem fundamentado, pois o homem teria origens. Não haveria realidade pendente sobre o vazio; Deus seria o fundamento. 

Entretanto a dúvida sobre a existência de Deus nasce quando se vê uma realidade que ora é e ora não é. A realidade ora tem sentido e ora é absurda. Logo, Deus não pode ser irreal e caminhar para o nada. Daí a suspeita de sua inexistência.

2- E se Deus de fato existisse eu poderia a) ter Deus como fundamento e, assim, me pautar contra qualquer ameaça; b) dar sentido à minha vida contra qualquer absurdo; c) poderia afirmar a bondade e a esperança e d) não negaria minha existência já que o sentido de tudo estaria em Deus. 

Mas o que se vê é a conceituação de Deus pelos incrédulos tentando a negativa do mesmo e a conceituação do homem pelos crédulos com a mesma intenção dos primeiros. O fato é que a realidade não é a aglutinação de Deus ou do homem nesta. Não se pode substantivar a realidade com Deus ou com o homem. A realidade é algo distinto.



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