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Assim como Kant, todos devem
se perguntar sobre a verdade de forma reflexiva. O que posso saber? O que devo
fazer? E o que posso esperar? São perguntas razoáveis não só para aqueles que
buscam a Deus, mas também para aqueles que querem compromisso com a verdade.
A busca por provar a
existência de Deus se dá pela necessidade do homem se explicar também
existencialmente. O fim desta necessidade de explicação é o alcance de sentido
e de verdade. Mas essa busca pelo questionamento sobre Deus e sua existência
não pode culminar no niilismo, já que é o caminho oposto é a própria covardia.
Se o homem procura saber sobre a existência de Deus deve acreditar na sua
própria existência procurando, assim, sentido nela. Logo, na realidade deve
ser enxergada a vida, o sentido e o valor. Então, a busca do homem pela
realidade não é com desconfiança e sim com radical confiança.
Entretanto tal confiança não
anula a certeza numa realidade que é incerta. Além disso, a realidade sobre
Deus é construída pelo homem também a partir da concepção da realidade que o
cerca. E a facticidade enigmática da realidade está na sua não-compreensão do
real ou não-real, do ser ou não-ser, no crédito de confiança básico ou do
niilismo. Mas o homem também é definido a partir da realidade. Logo, se Deus
pode ser negado por que não e também o homem? E se Deus pode ser aceito, e deve
ser, por que não o homem também? Nas palavras de Küng: “Se o homem não abrir mão de compreender-se a si mesmo e a realidade em
geral, as últimas perguntas, que são também as primeiras e estão a exigir
resposta, deveriam ser respondidas. E nesse ponto, o crente está em competição
com o descrente, quanto à maneira mais convincente de interpretar as
experiências humanas essenciais”.
Assim, a percepção da realidade
pelo homem pode partir ao menos de duas hipóteses: da inexistência de Deus ou
da sua existência.
1- Não perceber de onde e
para onde vai a realidade não dá certezas sobre a existência de Deus e nem para
sua inexistência. Sabe-se que se Deus existisse o conceito sobre realidade
seria mais bem fundamentado, pois o homem teria origens. Não haveria realidade
pendente sobre o vazio; Deus seria o fundamento.
Entretanto a dúvida sobre a
existência de Deus nasce quando se vê uma realidade que ora é e ora não é. A
realidade ora tem sentido e ora é absurda. Logo, Deus não pode ser irreal e
caminhar para o nada. Daí a suspeita de sua inexistência.
2- E se Deus de fato existisse
eu poderia a) ter Deus como fundamento e, assim, me pautar contra qualquer
ameaça; b) dar sentido à minha vida contra qualquer absurdo; c) poderia afirmar
a bondade e a esperança e d) não negaria minha existência já que o sentido de
tudo estaria em Deus.
Mas o que se vê é a
conceituação de Deus pelos incrédulos tentando a negativa do mesmo e a
conceituação do homem pelos crédulos com a mesma intenção dos primeiros. O fato
é que a realidade não é a aglutinação de Deus ou do homem nesta. Não se pode
substantivar a realidade com Deus ou com o homem. A realidade é algo distinto.
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