terça-feira, 19 de novembro de 2013

Crise e mudança - Parte 1

Por Carlos Chagas

Não é novidade que na história humana as crises sempre vieram à tona e, por meio destas, a mudança foi iminente. Se for observado rapidamente a história percebe-se momentos como o nascimento do cristianismo, que modificou toda a compreensão religiosa do Oriente Próximo da época, o Renascimento, no século XIV, quando o homem passou a ver sua realidade não a partir de Deus e da compreensão sobre como era o mesmo e sim a partir do homem, na Era Contemporânea, onde se trabalha com verdades e, quem sabe, com a inexistência destas. Por causa destas mudanças, crises na compreensão de que seja o mundo e si próprio surgiram, trazendo a necessidade de reelaborar todo um conceito que outrora era perfeito e inquestionável.

A mudança sobre o que seja a realidade pode deixar qualquer um sem "chão". Exemplos sobre isso pode ser visto em filmes como "A Ilha", onde seres humanos acreditavam que eram sobreviventes de uma catástrofe biológica, mas na verdade eram apenas clones de manutenção de seus respectivos donos e no filme "Matrix", onde toda uma construção feita sobre o que seja o mundo já não mais pode ser levada em consideração por New, já que foi libertado da "mentira". Em ambos os filmes pode-se constatar o desespero ante a crise e a mudança.

A crise pode se dar de duas formas básicas:

1- Mudando algo na compreensão sobre o que seja o mundo (mais subjetivo);

2- Mudando o mundo (mais objetivo);

Uma crise histórica faz com que o indivíduo tenha que recompreender o mundo, já que suas verdades não mais correspondem ou servem para o "novo mundo" ou, pelo menos, para a "nova compreensão que surge". Assim nasce a crise e, com ela, o indivíduo se vê necessitado de recriar ou readaptar suas verdades sobre o mesmo.

Nesse ato de repensar o indivíduo geralmente se encontra sem chão, sem o mundo que ele antes cria. Logo a crise se torna muito real para si dando a chance de transformação de si próprio com os novos conceitos que devem ser criados por si mesmo. Todavia vale lembrar que o mundo é criado (ou compreendido) a partir da compreensão que se tem dele pela sociedade, a qual é formada por cada indivíduo, que é social. Assim, geralmente (ou sempre) a compreensão sobre o que seja o mundo nunca é real e sempre necessitada de mudanças. Concluindo, viver é sempre se prender a uma convicção mas não se ater a ela; deve-se sempre buscar a verdade, uma busca utópica que pende ao niilismo. 

Mas talvez mais importante que o mundo é o indivíduo e sua honestidade consigo mesmo. A partir do momento que o indivíduo precisa rever seus conceitos e abraçar novas verdades o mesmo deve, antes de agir ou falar, pensar suas convicções e aceitá-las, de preferência, promovidas e criadas por si próprio. Deve-se entrar em si mesmo e entrar em acordo consigo. É necessário ser si mesmo e não o outro. Se o outro o define (ou seja, não apenas o influencia) segue-se que ele já não é si mesmo e sim o outro. E isso é um problema pois há sim a necessidade de certa negação do "eu" entretanto jamais a anulação deste.

A crise que clama por mudanças geralmente busca a mudança completa e radical, o que é um problema. O homem é um ser social e histórico. Repensa sua história e a partir desta planeja o futuro. Negar seus acertos ou erros históricos é negar a própria existência e, por isso, inconsistente. 

O mais importante no que se refere à mudança e crise é não se tornar produto do meio não tendo suas características particulares. A sociedade procura criar formas e regras únicas que servem para o meio, mas esta jamais deve ir contra a singularidade de cada um, afinal, a sociedade se torna "uma" graças a união destas singularidades de "todos". A uniformidade vem com o tempo e o desafio é se ater a esta uniformidade não se prendendo para a eternidade.

No próximo artigo veremos a importância disto para a religião cristã.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

A crise da música cristã

Por Carlos Chagas

Veja o desabafo deste ministro católico chamado Moisés Rocha. Apesar da teologia ser diferente da evangélica ainda sim é uma belíssima mensagem para o meio cristão em geral:





http://www.youtube.com/watch?v=8GyGJktQj1A

Infelizmente é isso que vemos. Quando irá mudar?

terça-feira, 12 de novembro de 2013

O Apocalipse do Mazdaísmo: A briga do bem e do mal

Por Carlos Chagas



Religião criada por Zoroastro (ou Zaratustra), persa que viveu entre 630 e 553, o Mazdaísmo (ou Mazdeísmo) é uma religião que ainda é seguida pelos parsis da Índia, pelos os quais vem a crença de que seu deus Ahura Mazda, que trava uma batalha com sua antítese, Arimã, pelo controle do universo, buscará o fim da guerra com vitória num dia ainda não determinado. No livro Zend Avesta escrito por Zoroastro, Ahura Mazda enviará neste dia seu profeta, Saoshyans, para realizar o julgamento final da raça humana. Neste dia todos os mortos serão ressuscitados, as montanhas se derreterão e o mundo será tão somente lava e metal incandescente. Como prova final, os vivos e mortos ressuscitados terão que atravessar descalços e os que passarem sem serem consumidos alcançarão salvação. Os demais arderão nas chamas para serem purificados e Arimã será destruído fazendo do mundo um lugar renovado e sem o mal para sempre. Esta é a primeira religião monoteísta a discutir a briga entre o bem e o mal, a qual influenciou o Cristianismo e até mesmo o Judaísmo.

Fonte:
SILVEIRA, Evanildo da. Apocalipse: O fim do mundo. Outros apocalipses: Mazdaísmo. Super Interessante, São Paulo, n.291, p.26, maio 2011.


quinta-feira, 7 de novembro de 2013

As pedras estão clamando com um troféu a ruir

Por Carlos Chagas

Escute esta música:



Seu Troféu - Gram

Você notou tal poder
E escolheu ser ruim
Mandei sinais pra alertar, mas zombou da lei
Quis te poupar, mas você riu de mim
Chegou a hora e então por isso eu vim

Vocês são todos iguais
E vai ser sempre assim
Se tem quer mais pra sugar quem quer também
E muitos dizem pensar em mim
Me faz degradar
Te ver destruir
Contudo quer seu troféu

Você notou tal poder
E escolheu ser ruim

Seja do bem
Não basta ser feliz
No final, seu troféu vai ruir
Faça alguém ser feliz
Vão lembrar de você ao sorrir

Link: http://www.vagalume.com.br/gram/seu-trofeu.html#ixzz2jyTttJCF


Nos últimos meses a letra desta música ecoou (e ecoa) na minha alma, fazendo-me lembrar daquela passagem bíblica:

"E, respondendo ele, disse-lhes: Digo-vos que, se estes se calarem, as próprias pedras clamarão."
Lucas 19.40

Por dois motivos esta passagem veio à minha mente. Vamos a elas:

1- Pela falta de vergonha na cara

Por que pela falta de vergonha? Porque hoje em dia letras de músicas evangélicas chamadas de "louvores" mais falam de chuva e plantação que de fato da verdade e da mensagem bíblica. É chuva pra lá, é fogo pra cá e, muitas vezes, letras de duplo sentido, onde a música serve tanto para Deus quanto para minha namorada, esposa, "amante" (risos), etc. Carregadas de teologias e que geralmente não é entendida unanimemente pelos adeptos.

O problema não está bem nisso, mas na falta de vergonha na cara daqueles que dizem que louvor a Deus só o é quando vem de bandas evangélicas, com músicas "ungidas" etc e tal. Com uma teologia furada e "dos infernos" defendem muitos que mais querem ganhar dinheiro dos santos que simplesmente pregarem a Palavra de Deus que, convenhamos, vemos pouco ser vivida de forma efetiva.

A falta de coragem, digo, de vergonha, alimenta a corrupção musical do meio evangélico. E muitos destes corruptos nem chegaremos a conhecer. Por isso essa letra me lembra não só estes corruptos como também os "caras-de-pau" que usam teologia infernal para desenvolverem suas desculpas.

2- Pelo descompromisso

Aliado ao primeiro item temos o caso do descompromisso. Este nasce quando o foco no objetivo se perde. É aquela história:

Devemos falar de Jesus. Jesus é Deus. Deus é onipresente. Mas o pecado é contra Deus. E Deus contra o pecado. Logo Deus pode estar em todos os lugares mas de fato habita certos lugares. Devemos estar nestes lugares que Deus habita... blá, blá, blá... Um deles é onde se situa a Igreja. A Igreja precisa de dinheiro. O dinheiro vem do dízimo. Quanto mais dízimo, mais lugares para Deus estar... blá, blá, blá... e assim temos uma igreja e seu sistema, que não pode falhar. Aí alguém questiona isso e outro diz: "Foi Deus que me deu esta visão". ou "Não temos tempo para murmurações ou rebeldias". PRONTO. Perdeu-se o objetivo.

Mais especificamente aos evangélicos recito a frase de uma ex-professora minha: "As leis cristãs devem sim aceitar a crítica e o pensamento adverso. Caso isso não seja possível tornam-se dogmas. E se forem dogmas são historicamente demonstráveis dignos de serem protestados – SANCHES, Regina". Ou seja, com falácias o evangélico nega até sua existência, que é do PROTESTAntismo.

Mas a Criação não pode fugir de seu objetivo, que é a adoração a Deus, que deve ser verdadeira e contínua. E, se os "escolhidos" não a faz, as pedras então clamam. O verdadeiro louvor está por aí no mundo, vem sabe-se lá de onde, mas vem e com toda a verdade. Portanto, não diga que Deus segue regras, porque se elas existem, ainda não as conhecemos e por isso, talvez, ainda erramos.


Momento Cultural

Escute esse "louvor":




Dízimo e Oferta - Adriano Gospel Funk

Tem gente que não aprende o segredo de prosperar
Com jejum e oração o gafanhoto não vai matar
Eu que já sou vacinado o segredo eu vou te contar
Pro gafanhoto ser derrotado você tem que Ofertar
O segredo é assim oh!

Refrão
Dizimo é Dizimo e Oferta
Dizimo é Dizimo e Oferta

Era uma casa muito sem graça não tinha teto não tinha nada
Até o Dia que ele escutou vindo da boca do Pastor
A palavra nos afirma e não tem como mudar
Pra você mudar de vida você tem que Dizimar
Pois quem é fiel no pouco sobre o muito vai reinar
Mas tem que fazer o que, cantar e dançar assim!

Refrão
Dizimo é Dizimo e Oferta
Dizimo é Dizimo e Oferta

terça-feira, 5 de novembro de 2013

A realidade - Parte 3

Por Carlos Chagas

Este artigo faz parte da série O que é ser cristão? Caso queira acessar o índice clique aqui.

Continuação do artigo "A Realidade - Parte 2"

5- Para aquele que diz sim a Deus se propõe a aprofundar na racionalidade criteriosa e de radical confiança buscando entender a condição da realidade contingente. O “sim” a Deus promove vida ante o fundamento da fé. E essa racionalidade radical jamais pode ser confundida com o racionalismo.

E esse “sim” passa a se revelar como provocante e desafiador ao homem sempre de forma positiva, pois a realidade que antes se demonstrava sem sentido agora passa a ter um ar de possibilidades de mudanças. Essa racionalidade fundamentada da fé agora mostra que o homem pode correlacionar o que de positivo tem nessa fé com o seu próximo dando um sentido último em seu relacionamento com Deus.

Desse modo, aquelas perguntas primordiais da realidade sócio-religiosa do homem passa a ter simples formulações de possíveis respostas que mais à frente darão sentido a essa realidade que agora é relida com novo foco.

6- Mas por que o homem, após dizer “sim” a Deus ainda sofre com a tentação de dizer “não” a Deus? Parece que a fé não é tão racional quanto se parece. Mas é com a caminhada da práxis da fé é que o homem consolida sua racionalidade da escolha pelo “sim” a Deus. O homem entende não para os demais, mas internamente para si mesmo. Talvez falte-lhe palavras para a descrição desta fé, todavia esta fé praticada é entendida por ele e por aquele que de repente se torna o alvo da mesma. Portanto, a escolha entre o “sim” e o “não” de Deus só se dá pelo consentimento particular do homem, e só dele.


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