terça-feira, 28 de julho de 2015

Salmo Brasileiro - Servos, porém livres

Por Carlos Chagas

Grande parte dos cristãos sempre lutaram para demonizar coisas que, com o passar do tempo, foram sacralizadas por pequenos grupos ou por uma pessoa apenas. Não foi diferente com o grupo "Servos, porém livres", dos anos 80. Nesta época instrumentos como guitarra, atabaques e bateria eram rejeitados em grande parte das igrejas por serem considerados "satânicos". Foi por causa desta visão deturpada que eles fizeram o louvor que pode ser escutado logo abaixo:




Salmo Brasileiro - Servos, porém livres

Na América do Norte os norte americanos
usam seu "negro spiritual" para louvar
Em Angola , os nativos irmãos de lá
usam seus atabaques para adorar
Por que será que aqui no Brasil
Nós não podemos louvar com a nossa cultura?
Se Deus criou todas as coisas,
criou a música e é para gente louvar!

Nas minhas veias corre o sangue brasileiro
Sou muito mais a nossa pátria mãe gentil
se eu nasci num país verde amarelo-azul-anil
Quero louvar a Deus com o samba do Brasil

Louvai a Deus ao som da cuíca
Louvai-O com o reco-reco
Com tamborim , chique-chique e o cavaco
Com a vossa ginga , vossa voz e vosso samba

Louvai a Deus ao som da cuíca
Louvai-O com o reco-reco
Com agogô , com o surdo e o pandeiro
Louvai a Deus com o samba brasileiro

Mal sabiam eles que anos mais tarde tais instrumentos seriam aceitos e muito mais coisas seriam "liberadas" pela igreja!

Para baixar a música clique aqui.



terça-feira, 21 de julho de 2015

Idosos: Desafios físicos e práticos

Por Carlos Chagas

Artigo feito por mim a pedido de meu amigo Walter Júnior. O assunto é mais voltado a alunos que cursam Educação Física mas não deixa de ser algo pertinente para este site, já que este visa o bem de todos.

CAMPOS, Maurício de Arruda. Musculação e Idosos. In: ______. Musculação: diabéticos, osteoporóticos, idosos, crianças, obesos. 3. ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2004. p. 79-100. 

Maurício de Arruda Campos é diretor da Comissão de Educação e Pesquisa da International Federation of Bodybuilding & Fitness e professor de Cinesiologia e Biomecânica em cursos de Pós-graduação no Brasil e no exterior, autor de 7 livros na área de Cinesiologia e Biomecânica aplicados à musculação. Também é tradutor e palestrante internacional.

Campos é autor do livro Musculação: diabéticos, osteoporóticos, idosos, crianças, obesos onde procura tratar de pontos importantes e, às vezes, negligenciados na área de musculação assistida. Neste livro, especificamente no capítulo 3, ele trata da questão do idoso e sua limitação física para readequação do seu corpo com o cotidiano diante da perda de vitalidade ocasionada pela elevada idade e a possibilidade desta readequação com musculação assistida por profissionais visando melhor saúde. O capítulo trata do entendimento da realidade do idoso e da limitação que este tem com o acesso a exercícios físicos e sua adequação com o mundo. Na primeira parte do capítulo Campos relata alguns problemas enfrentados pelo idoso nesta fase delicada de sua vida. Aqui Campos mostra que o idoso possui certas limitações como a perda de vitalidade, agilidade, equilíbrio, bem como aumento da possibilidade de fratura e lesões. Ainda segundo ele idosos compreendem a faixa etária entre 60 e 74 anos e os que estão neste grupo têm 50% de sua força extirpada se comparados com um jovem de 20 anos.

Campos destaca que o envelhecimento é responsável pela perda de vitalidade e que isso se dá por diversos fatores, dentre eles, o sedentarismo, o comprometimento do batimento cardíaco, o aumento de gordura e a diminuição de exercícios. O envelhecimento também atrai redução de potência, já que esta redução é influenciada pela sarcopenia, acúmulo de doenças crônicas, medicamentos, alteração no sistema nervoso e hormonal e hipertrofia muscular. O estado nutricional também é um fator agravante que, associado aos demais fatores supra citados desencadeiam no idoso uma série de fatores de risco à sua saúde que não podem ser combatidos somente com exercícios musculares. Mas estes podem e devem vir com o acompanhamento do médico responsável de cada área afetada na vida do idoso, o que requer atenção especial de todos.

Esta realidade que o idoso adentra necessita de cuidados como exercícios musculares e alongamentos precisos, os quais trarão maior conforto e comodidade ao idoso. Mas Campos salienta sempre a necessidade de programação de exercícios individualizada dos demais devido à maior necessidade de atenção.

Já na segunda parte do capítulo Campos mostra que o idoso, devido aos grandes problemas adquiridos com o tempo, porta a necessidade de adequação ao mundo. Várias são estas necessidades de adequação e muitas delas são resolvidas no campo dos exercícios físicos e musculação. O idos deve passar por uma série de exercícios e pré-adequação a estes. Alongamentos não muito forçados, exercícios aeróbios que visam a flexibilidade e elasticidade dos músculos não deixando de lado a atenção ao equilíbrio frágil e risco de fraturas do idoso são fatores que mudarão de fato a realidade deste. Estes exercícios serão de extrema importância para o idoso já que este dormirá bem, adormecerá melhor, terá sensação de descanso ao acordar e melhorará até mesmo sua memória.

Quanto aos exercícios aeróbios Campos apresenta dois tipos de testes de monitoramento dos mesmos: no talk test o profissional deverá, em tempo determinado, pedir para que o idoso fale algo para ele para que seja testado seu cansaço. Com isso, o profissional poderá saber se os exercícios estão muito cansativos conforme a sua fala apresente. O outro teste é o Borg Scale, onde cria-se uma escala de dificuldades na execução dos exercícios tendo como parâmetro o batimento cardíaco do avaliado variado entre a mínima e máxima freqüência aceitável. Assim, os exercícios proporcionarão melhor precisão na aplicação não levando o idoso ao cansaço, lesão ou qualquer outro tipo de comprometimento.

Para Campos, levar em consideração a alimentação, necessidade de vitaminas, hábitos e vícios, riscos de exercícios que põe em detrimento a integridade do idoso, necessidade de orientação médica, atenção individualizada, o risco de sobrecargas, quedas e fraturas e o descanso são imprescindíveis para a vida e cotidiano do idoso.

Sabe-se que no Brasil o número de idosos tem aumentado consideravelmente e, com isso, os desafios para apresentar métodos de vida saudável a esta idade também. Entretanto, assim como o idoso possui desafios interligados que o forçam a uma luta desenfreada rumo à superação assim também deve ser a visão dos profissionais que lidarão com este grupo em ascendência. Sabe-se também que há um tabu a ser quebrado quando se percebe que Educação Física, quando mencionada em meios acadêmicos, leva os ouvintes a associarem esta com a vida jovial e nova do ser humano, deixando de lado os anos finais deste, bem como que a visão de trabalho destes profissionais é muito linear ficando aquém da necessidade de aplicação deste profissionalismo à recuperação da saúde perdida.

Além disso, o despreparo para com o trato com o idoso é latente. Desde ao preconceito, passando pelas questões monetárias e chegando à falta de materiais e informações complexas demonstram que o Brasil ainda não supera, ainda que em teoria, o tratamento do idoso deixando-o sem a dignidade de uma vida sem sofrimentos. Ainda usam-se métodos muito rudimentares e paliativos.

A leitura deste capítulo do livro é recomendada a qualquer um que deseja não só entender basicamente a questão do idoso para com os exercícios físicos como também para aqueles que querem iniciar estudos na área visando o profissionalismo na mesma. 

Caso queira baixar esta resenha em DOC clique aqui.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Site Liberto.Tv - Testemunhando de Deus o novo e vivo Caminho

Por Carlos Chagas


Recomendo aqui um site chamado Liberto.tv, que tem o propósito de contar histórias de pessoas que se converteram ao Evangelho de Jesus. Este não conta com  patrocínios ficando sua divulgação por conta de amigos, parceiros e seguidores. Segue o link abaixo:


Liberto.tv



SALMOS 105:1 ▸ Agradeçam a Deus, o Senhor, anunciem a sua grandeza e contem às nações as coisas que ele fez.

No YouTube: Toda Sexta-Feira às 10:00hs.

terça-feira, 14 de julho de 2015

Vivendo em Santidade - Parte 3

Por Carlos Chagas

Versículo Destaque

Sejam praticantes da Palavra, e não apenas ouvintes, enganando-se a si mesmos” (Tg 1.22)

1. Um Evangelho para crentes e descrentes

Como todos sabem não há uma pessoa sequer no mundo que não pecou. Por causa disso que Jesus Cristo se fez homem para nos salvar. E através da fé nele é que se dá a Salvação. Mas o grande mal está na pessoa que foi salva (justificação) achar que não mais precisa do Evangelho. Achar que se deve apenas levar a mensagem bíblica aos não crentes é o maior erro que se pode cometer. A busca por melhorias em seu ser deve ser constante e não deve cessar.

2. O mal entendido

Muito se confunde santidade com regulamento interno da igreja, ou em outras palavras, usos e costumes. Alguns acreditam que a Salvação e a santificação estão estritamente ligadas às vestimentas, instrumentos musicais, jejuns, opções religiosas, etc. Já foi dito que a Salvação não vem de obras (Ef 2.8-9), mas ainda existem aqueles que forçam a interpretação de fé cristã tentando impor tal coisa. Tal prática também era comum no meio judaico (Mt 11.19). Os que interpretam assim o texto bíblico ainda não entenderam que aquilo que antes era pedra (a Lei) agora está escrito e se vive na carne (2 Co 3.3). Estes não só anulam a Cristo como pensam que por leis serão justificados e salvos (Gl 2.19-21). Isso é o mesmo que matar a Cristo novamente e dispensá-lo (vs 21).

O que mais torna nocivo a este tipo de interpretação é o fato do crente achar que por mais que evite coisas ditas profanas, ou siga mais enfaticamente um regulamento, mais ele se tornará santo. Isso pende mais à religiosidade que a santificação. Neste caso percebe-se que falta entendimento do Evangelho para o cristão, que por sua vez, pregará equivocadamente aos demais à sua volta. Jesus Cristo sempre repreendeu os fariseus e escribas que praticavam tal religiosidade (Mt 23.13-39; Mt 9.11-13; Mt 12.2; Lc 11.14-23; Mt 15.9; Lc 16.14; Lc 20.46-47, entre várias outras passagens).

3. A santificação proposta por Cristo

Ser santo é:

... buscar ser essencialmente humano, ser parte da história, porém vivendo a presença de Deus no mundo (Lc. 7.39).

... ter relação com a busca de uma sociedade sem desigualdades e onde os mais fracos jamais sejam despojados (Mt. 23.14).

... viver a alegria do conhecimento de Deus com oração e fé e é sofrer as angústias da história como resultado de nossos vínculos com um padrão que o mundo não conhece (Mt. 11.25-27; 5.11-12).

... ser separado, não dos pagãos; como Israel equivocadamente tentou, mas é viver a diferença radical dos valores do Reino em meio às sociedades pagãs (Mt. 5.43-48).

... ter na paixão dos profetas a motivação existencial para o nosso enfrentamento histórico do mal (Lc. 13.33).

..., mesmo em dia de sábado, trabalhar a favor da santidade de vida (Lc. 14. 1-6).

... colocar o valor da vida acima do valor das coisas, mesmo aquelas mais "sagradas" (Mt. 23.23).

... entender que o altar diante do qual Deus nos quer ver prostrados não é apenas o altar do templo, mas também os altares ensangüentados dos corpos dos nossos irmãos de história e que estão caídos nas esquinas da vida (Lc. 10.25-37).

... viver a misericórdia no agitado ambiente secular, ao invés de viver a quietude alienada do ambiente religioso que não tem janelas para a história da dor humana (Mt. 9.9-13).

... acreditar que a santidade não se polui quando toca com amor, aquilo que é sujo (Mt. 8.1-4; Mc. 7.1-23).

... não temer ser mal interpretado pela mente daqueles que estão sujos de pretensa santidade.(Mc.7.5;Lc.7.39).

4. Santidade é para mim

Por que o mundo vai de mal a pior? Por que a transformação ainda não se deu de forma efetiva no mundo? Por que Deus não conserta de vez esse planeta? Essas são perguntas que talvez Deus as reelabora para nós hoje: Por que você vai de mal a pior? Por que a transformação ainda não se deu de forma efetiva no seu ser? Por que você não se conserta de vez para o planeta? O grande problema que se têm na compreensão do Evangelho é o de se achar melhor que os outros se esquecendo que a transformação deve começar de si, para os demais, voltando para si novamente. É um ciclo que não deve cessar.

Cobranças sempre são importantes, mas quando estas vêm carregadas de egoísmo se tornam nocivas a quem as elabora. A transformação do mundo começa por um, por outro e por fim, por todos, entretanto, quem será o primeiro a se transformar? Este primeiro deve se predispor por puro altruísmo, imitando o mestre Jesus, que por santidade e amor, morreu primeiro como justo, para que os demais fossem mortos como justos, por causa dele.

O que você acha da frase: "Viver por nada ou morrer por alguma coisa?"

5. A escolha sensata

Desde que você se converteu sua missão já não foi a mesma de antes. Hoje você já não vive para si apenas. E nem para Deus apenas. Seu compromisso é agora consigo mesmo, com seu próximo, com Deus e com a Criação Dele. E toda esta compreensão só faz sentido quando um grau de santidade é alcançado por você. E por causa desta conquista no entendimento de Deus e Sua Obra é que você se reelabora em sua forma de ser e viver ao ponto de reavaliar o mundo. E nessa reavaliação do mundo você se reavalia e também alcança nova consciência. A partir disso, por amor a Deus, você passa a lutar por algo, que já não é somente seu, mas de todos, porque agora você sabe que tudo é Dele. E se tudo é Dele, tudo é por Ele. E se antes não era, agora tudo será para Ele, pois Dele é a Glória, a Honra e o Poder. Amém.

Fontes Consultadas:

www.cristaoshoje.blogspot.com 
Santificação Norteada pelo Evangelho – Jerry Bridges 
www.caiofabio.net/conteudo.asp?codigo=00237

Caso queira baixar a lição em DOC clique aqui.


quarta-feira, 8 de julho de 2015

O dízimo no AT e NT segundo Russel Champlin

Por Carlos Chagas

Estudo de Champlin. Fonte: CHAMPLIN, Russel Norman. Enciclopédia de Bíblia, teologia e filosofia
. vol. 2. São Paulo: Hagnos, 2003.

III. O dízimo dos Hebreus antes da Lei

O Antigo Testamento ilustra o ponto em duas oportunidades. Antes de tudo, Abraão apresentou a décima parte dos despojos (que vide) do combate militar em que se envolveu, a Melquisedeque (Gn. 14:20; Heb. 7:2,6). Melquisedeque foi um rei-sacerdote, que simbolizava um sacerdócio superior ao de Arão, pois refletia o sumo sacerdócio do próprio Cristo. O artigo sobre Melquisedeque oferece-nos detalhes sobre Isso, bem como algumas especulações sobre a sua identidade. A narrativa do livro de Gênesis não explica por que Abraão julgou ser necessário dar dízimos a Melquisedeque. O relato pode dar a entender que os dízimos eram dados por várias razões, e em diferentes ocasiões. Podemos supor que essa era uma prática regular, mas não temos qualquer informação sobre isso, e nem sobre a forma que os dízimos podiam assumir. Em segundo lugar, há o caso de Jacó, o qual, após a visão que teve, em Luz, devotou uma décima parte de sua propriedade ao Senhor Deus, sob a condição de que fosse conduzido em paz e fosse trazido novamente à casa de seu pai. Seu irmão gêmeo, Esaú, além de outros, era seu inimigo; e Jacó carecia da proteção e da orientação divinas. O que Jacó fez, naquela oportunidade, foi tomar um voto e fazer uma promessa e a sua parte na barganha consistia em dar a Deus uma décima parte de tudo quanto possuísse.

IV. Elementos da Doutrina do Dízimo sob a Lei

Antes da lei, os dízimos já existiam, embora não parecesse fazerem parte regular do culto religioso. Em outras palavras, não havia preceito que requeresse o dízimo como um processo contínuo e específico. Porém, não se pode duvidar de que o dízimo era praticado pelos patriarcas, antes mesmo de sua instituição legal. Os dízimos passaram então a ser usados dentro do sistema de sacrifícios, como parte do culto prestado a Yahweh, para sustento dos sacerdotes levíticos; e, provavelmente, esses fundos também eram usados para ajudar os pobres, em suas necessidades. Há alusões a esse uso dos dízimos no tocante a deuses pagãos, como Júpiter, Hércules e outros (Her. Clio, sive 1,1, c.89; Varro apud Macrob. 1:3, c.12). Quem já não prometeu alguma coisa a Deus, se pudesse realizar isto ou aquilo? Conforme minha mãe costumava dizer: «Algumas vezes, isso funciona; mas, de outras vezes, não».

1. Coisas que eram dizimadas. Colheitas, frutas, animais do rebanho (Lv. 27:30-32). Não era permitido escolher animais inferiores. Ao passarem os animais para pastagem, de cada dez, um era separado como o dízimo (Lv 27:32 ss). Produtos agrícolas podiam ser retidos, se o equivalente em dinheiro fosse dado; mas, nesse caso, um quinto adicional tinha de ser oferecido. Contudo, não era permitido remir uma décima parte dos rebanhos de gado bovino e vacum, desse modo, uma vez que os animais tivessem sido dizimados (Lv. 27:31,33). Certa referência neotestamentária, em Mt. 23:23 e Lc. 11:42; de dízimos sobre a hortelã, o endro e o cominho, reflete um exagerado desenvolvimento da prática do dízimo, em tempos judaicos posteriores. Comentamos sobre isso, detalhadamente, no NTI, in loc. As passagens de Dt 12:5-19; 14:22-29 e 26:12-15 falam sobre algumas modificações quanto à lei sobre o dízimo. O trecho de Amós 4:4 mostra que o legalismo e os abusos contra o dízimo já haviam invadido a prática. A Mishna (Maaseroth 1:1) informa-nos de que tudo quanto era produzido e usado em Israel estava sujeito ao dízimo, e isso era exagerado ao ponto de incluir os mais ínfimos produtos.

2. Que dízimos eram dados e a quem. A legislação acima mencionada, dentro do livro de Deuteronômio dá orientações específicas sobre como e a quem os dízimos deveriam ser entregues. Originalmente, os dízimos eram dados aos levitas (Nm 18:21 ss), tendo em vista a manutenção dos ritos religiosos. Mais tarde, isso ficou mais complexo ainda. Os dízimos eram levados aos grandes centros religiosos. Quando convertidos em dinheiro, os dízimos eram postos em mãos apropriadas, para serem gerenciados (Lv 14:22-27). Ao fim de três anos, todos os dízimos que tivessem sido recolhidos eram levados ao lugar próprio de depósito, e seguia-se então uma grande celebração. Os estrangeiros, os órfãos, as viúvas (os membros mais carentes da sociedade) eram assim beneficiados, mediante essa prática, juntamente com os levitas (Lv 14:28,29). Cada israelita precisava desempenhar a sua parte nessa questão dos dízimos, a fim de ser cumprido o mandamento divino (Lv 26:12-14).

3. Sumário dos regulamentos, a. Uma décima parte dos dízimos recolhidos era usada no sustento dos levitas, b. Disso, uma décima parte era dada a Deus, para ser usada pelo sumo sacerdote, c. Aparentemente havia um segundo dízimo, usado para financiar as festas religiosas, de um terceiro dízimo, ao que parece, era destinado aos membros menos afortunados da sociedade, o que ocorria a cada três anos. Alguns intérpretes, porém, supõem que o segundo e o terceiro dízimos eram o mesmo dízimo ordinário, embora distribuído de modos diferentes. E, nesse caso, estava envolvido apenas um dízimo adicional, e isso somente de três em três anos. No entanto, nos escritos de Josefo temos informes de que, na verdade, havia três dízimos separados: um para a manutenção dos levitas; outro para a manutenção das festas religiosas; e, a cada três anos, para sustento dos pobres. Tobias 1:7,8 é trecho que dá a entender a mesma coisa. Entretanto, há uma referência nos escritos de Maimônides que diz que o segundo dízimo do terceiro e do sexto anos era distribuído entre os pobres e os levitas; e, em face desse comentário, retornamos à outra ideia que fala em apenas dois dízimos distintos, embora distribuídos de modos diferentes. Dízimos sobre os animais usados nos sacrifícios. Esses eram consagrados a Yahweh, pelo que tinham um lugar especial entre os dízimos, estando diretamente envolvidos no sistema de sacrifícios e ofertas.

4. Lugares para onde eram levados os dízimos. O principal desses lugares era Jerusalém (Dt 12:S ss-, 17 ss). Uma cerimônia era efetuada nessa ocasião (Dt 12:7,12), sob a forma de uma refeição. Se um homem não pudesse transportar a sua produção, ele podia substituí-la por dinheiro (Dt 14:22-27). A cada três anos, os dízimos podiam ser depositados no próprio local onde o homem habitasse (Deu. 14:28 ss). Mas, nesse caso, o indivíduo ainda precisava viajar até Jerusalém, a fim de adorar ali (Dt 26:12 ss).

V. O Dízimo no NOVO TESTAMENTO

Algumas pessoas conseguem fazer os dízimos parecerem obrigatórios, dentro da economia cristã, e encontram textos de prova, no Novo Testamento, para justificar essa prática. Mas outros não podem encontrar a ideia do dízimo obrigatório no período do Novo Testamento, julgando que essa prática é uma pequena exibição de legalismo, do que os crentes estão isentos. De certa feita, ouvi um sermão que tinha o propósito de impor a obrigatoriedade do dízimo aos crentes do Novo Testamento, por meio de trechos do Novo Testamento. O pregador usou a passagem de Lucas 11:42. Jesus repreendeu os fariseus porque tinham o cuidado de dizimar sobre pequenas questões legais, embora desconsiderassem as questões realmente importantes, como a justiça e o amor. Essas questões mais importantes, pois, eles deveriam pôr em prática, sem desconsiderar as coisas menos importantes. É evidente que Jesus reconhecia a natureza obrigatória dos dízimos, no caso da nação de Israel, mas está longe de ser claro que isso envolvia até mesmo a Igreja Cristã. Normalmente, os teólogos concordam que o Novo Testamento é um pacto de liberdade, e que cada crente deve dar a Deus conforme o Senhor o fizer prosperar, sem ser obrigado, contudo, a contribuir com somas específicas (1Co 16:1,2). Entretanto, esse texto não assevera diretamente como a Igreja cristã deve contribuir, porquanto envolve, especificamente, uma coleta especial, feita para ajudar os santos pobres de Jerusalém. Apesar disso, alguns estudiosos supõem que essa instrução paulina serve de principio geral quanto aos dízimos no seio do cristianismo. O fato, porém, é que o Novo Testamento não nos dá qualquer instrução direta sobre a questão dos dízimos, embora frise a questão da generosidade, uma parte da lei do amor, no tocante a todas as nossas ações e culto religioso. Muitos intérpretes pensam que o silêncio do Novo Testamento é proposital, dando isso a entender que o crente não está sob a lei, incluindo a regulamentação sobre os dízimos; antes, deveria ele ser guiado pela lei do Espírito. Ainda outros eruditos opinam que o silêncio das Escrituras, nesse caso, é circunstancial, pelo que não teria qualquer significado.

Nesse caso, poderíamos supor que a legislação veterotestamentária continua a vigorar nos dias do Novo Testamento. Isso, entretanto, é uma precária proposição teológica, se levarmos em conta tudo quanto Paulo disse sobre o fato de que não estamos debaixo da lei. A minha própria opinião é de que a questão deve ser resolvida com base no senso de responsabilidade de cada um e não com base em alguma legislação. Explico melhor essa ideia abaixo, na sexta seção.

VI. A lei da generosidade

Certa ocasião, vi-me envolvido em uma controvérsia sobre essa questão, em uma igreja batista. Certo domingo, em uma discussão que se originou durante a Escola Dominical, alguns membros defendiam o principio do dízimo, dentro do Novo Testamento. O dízimo era muito enfatizado naquela igreja e na denominação da qual ela fazia parte. Portanto, era de boa política falar em favor do dízimo, naquele lugar. Mas um homem corajoso, que era, de fato, o professor da classe dos adultos da Escola Dominical, fez objeção à posição. Ele não era capaz de encontrar o ensino sobre o dízimo no Novo Testamento e estava certo de que, como um princípio, o mesmo é antipaulino. Até certo ponto, pude ficar calado, deixando os argumentos serem apresentados contra e a favor. Mas, finalmente, fui especificamente solicitado a manifestar-me sobre a questão. Comecei minha explicação concordando com o professor da classe dos adultos. De fato, do ponto de vista teológico, não posso ver como poderíamos considerar o dízimo obrigatório para a Igreja cristã. Porém, continuei dizendo que havia ainda um outro fator que não podemos desconsiderar. Esse fator é a lei da generosidade, que é apenas um outro nome para a lei do amor. Se, sob a dispensação do Antigo Testamento, os privilégios religiosos exigiam a décima parte das rendas de uma pessoa, com vistas à manutenção da adoração e do sistema religioso, e também para benefício dos pobres, muito mais deveria ser nosso privilégio, em Cristo, afetarmos o bolso e a conta bancária. Minha posição, pois, é que o crente deve dar mais do que o dízimo. Em meu caso, sempre contribui com mais do que a décima parte do que ganho, para os projetos espirituais. De fato, algumas vezes tenho ficado com uma décima parte, e nove décimas partes são dedicadas ao trabalho do Senhor. Disse isso sem o intuito de chamar atenção para a minha pessoa, mas isso tem sido fato. Meu irmão, que foi missionário evangélico primeiramente no Zaire (quando esse país ainda era chamado Congo), e, mais tarde (até o momento), no Suriname,na América do Sul, disse-me que ele dava acima de três quartas partes de toda a sua renda ao trabalho religioso, incluindo salários para os professores e as enfermeiras, para nada dizer acerca do dinheiro necessário para a construção de templos. O amor é mais exigente do que a lei. Isso é perfeitamente óbvio e vivemos de acordo com a lei do amor, que cumpre toda a legislação do Antigo Testamento, sem importar qual o particular de conduta atingido (ver Rm 13:8 ss). Atualmente, vemos o espetáculo de missionários evangélicos que constroem para si mesmos grandes mansões, lares luxuosos, etc. Quando isso sucede, sabemos que o dinheiro está sendo empregado egoisticamente, e não para o serviço do Senhor. Há uma grande diferença entre o altruísmo e o egoísmo; mas alguns missionários evangélicos parecem nunca ter aprendido a diferença. Direi agora o que penso sobre tudo isso. O próprio fato de que há crentes disputando sobre se devem contribuir ou não com uma miserável parcela de dez por cento mostra o baixo nível de espiritualidade em que se encontram. Quanto maior for a espiritualidade de um crente, maior será a sua liberalidade para com o dinheiro com que contribui para a causa do evangelho, ou com que alivia as necessidades das pessoas ao seu redor. Se gastarmos alguns minutos lendo os capítulos oitavo e nono de 2 Coríntios, veremos ali a promoção do principio cristão da generosidade. Isso é encorajado mediante a certeza de que Deus vê quem dá com generosidade, mostrando-se ainda mais generoso para com aqueles que agem dessa maneira. O resultado será que os crentes que assim fazem de nada terão necessidade, pois o banco celestial tem imensas fortunas ali entesouradas. Esses fundos são postos à disposição dos generosos, e não à disposição dos que só dão com parcimônia. Se alguém semear com parcimônia, colherá parcimoniosamente; e se alguém semear com abundância, colherá abundantemente (ver 2 Cor. 9:6). Deus ama o homem que dá com generosidade (2 Cor. 9:7). A razão pela qual prosperamos é que, dessa maneira, poderemos superabundar «em toda boa obra» (2 Cor. 9:8). Nunca vi falhar essa lei da colheita segundo a semeadura e espero vê-la operando mais algumas vezes, de uma maneira significativa, antes de terminar minha missão. Se o leitor, que estiver lendo esta declaração, nesta versão impressa da presente enciclopédia, considerar corretamente a questão, poderá perceber que essa lei operou, uma vez mais, no meu caso. (BE ND UN)


terça-feira, 7 de julho de 2015

Livros Evangélicos Diversos - Letra E

Por Carlos Chagas

Neste arquivo você encontrará desde livros de estudos teológicos a livros devocionais e de pessoas anônimas que resolveram deixar seus pensamentos anotados em um arquivo que agora será repassado.

Que fique claro aqui que o material divulgado não exprime a teologia defendida por mim. Tal material é para enriquecimento da sabedoria e inteligência e não para a formatação do crente cristão.

Para baixar o arquivo clique aqui.

Neste arquivo você obterá 283 livros e artigos dentre os quais você encontrará:

E. Lund - Hermenêutica;

E. M. Bounds - Poder Através da Oração;

E. Stanley Jones - Conversão, entre outros;

E. W. Kenyon - Aliança de Sangue, entre outros;

Earle E. Cairns - O Cristianismo Através Dos Séculos;

Ed René Kivitz - Convocação Revisão.O Novo Paradigma da Missão, entre outros;

Edgar Hallock - Duzentas Ilustrações, etre outros;

Edino Melo - 100 Respostas Bíblicas Para o Satanismo;

Edir Macedo - A Voz da Fé;

Edouard Cothenet - La Carta a Los Galatas;

Edson Alves de Sousa - O Divórcio Começa no Namoro;

Edwin H. Palmer - El Espiritu Santo;

Elienai Cabral - Comentário Bíblico Efesios;

Ellen G. White - Conselhos Sobre Regime Alimentar, entre outros;

Emílio Conde - Igrejas Sem Brilho;

Enéas Tognini - O Período Interbíblico;

Ernesto Trenchard - Introducción a Los Cuatro Evangelios ;

Erwin Lutzer - A Fraude do Codigo Da Vinci, entre outros;

Étienne Charpentier - Cristo Ha Resucitado;

Eugene H. Peterson - A Vocação Espiritual do Pastor, entre outros;

Eurico Bergstén - A Santa Trindade, entre outros;

Everett F. Harrison - Comentário Bíblico Moody, entre outros;

Ezequias Soares - Manual de Apologética;

E muito mais.

Para baixar o arquivo clique aqui.