Artigo feito por mim a pedido de meu amigo Walter Júnior. O assunto é mais voltado a alunos que cursam Educação Física mas não deixa de ser algo pertinente para este site, já que este visa o bem de todos.
CAMPOS, Maurício de Arruda. Musculação e Idosos. In: ______. Musculação: diabéticos, osteoporóticos, idosos, crianças, obesos. 3. ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2004. p. 79-100.
Maurício de Arruda Campos é diretor da Comissão de Educação e Pesquisa da International Federation of Bodybuilding & Fitness e professor de Cinesiologia e Biomecânica em cursos de Pós-graduação no Brasil e no exterior, autor de 7 livros na área de Cinesiologia e Biomecânica aplicados à musculação. Também é tradutor e palestrante internacional.
Campos é autor do livro Musculação: diabéticos, osteoporóticos, idosos, crianças, obesos onde procura tratar de pontos importantes e, às vezes, negligenciados na área de musculação assistida. Neste livro, especificamente no capítulo 3, ele trata da questão do idoso e sua limitação física para readequação do seu corpo com o cotidiano diante da perda de vitalidade ocasionada pela elevada idade e a possibilidade desta readequação com musculação assistida por profissionais visando melhor saúde. O capítulo trata do entendimento da realidade do idoso e da limitação que este tem com o acesso a exercícios físicos e sua adequação com o mundo.
Na primeira parte do capítulo Campos relata alguns problemas enfrentados pelo idoso nesta fase delicada de sua vida. Aqui Campos mostra que o idoso possui certas limitações como a perda de vitalidade, agilidade, equilíbrio, bem como aumento da possibilidade de fratura e lesões. Ainda segundo ele idosos compreendem a faixa etária entre 60 e 74 anos e os que estão neste grupo têm 50% de sua força extirpada se comparados com um jovem de 20 anos.
Campos destaca que o envelhecimento é responsável pela perda de vitalidade e que isso se dá por diversos fatores, dentre eles, o sedentarismo, o comprometimento do batimento cardíaco, o aumento de gordura e a diminuição de exercícios. O envelhecimento também atrai redução de potência, já que esta redução é influenciada pela sarcopenia, acúmulo de doenças crônicas, medicamentos, alteração no sistema nervoso e hormonal e hipertrofia muscular. O estado nutricional também é um fator agravante que, associado aos demais fatores supra citados desencadeiam no idoso uma série de fatores de risco à sua saúde que não podem ser combatidos somente com exercícios musculares. Mas estes podem e devem vir com o acompanhamento do médico responsável de cada área afetada na vida do idoso, o que requer atenção especial de todos.
Esta realidade que o idoso adentra necessita de cuidados como exercícios musculares e alongamentos precisos, os quais trarão maior conforto e comodidade ao idoso. Mas Campos salienta sempre a necessidade de programação de exercícios individualizada dos demais devido à maior necessidade de atenção.
Já na segunda parte do capítulo Campos mostra que o idoso, devido aos grandes problemas adquiridos com o tempo, porta a necessidade de adequação ao mundo. Várias são estas necessidades de adequação e muitas delas são resolvidas no campo dos exercícios físicos e musculação. O idos deve passar por uma série de exercícios e pré-adequação a estes. Alongamentos não muito forçados, exercícios aeróbios que visam a flexibilidade e elasticidade dos músculos não deixando de lado a atenção ao equilíbrio frágil e risco de fraturas do idoso são fatores que mudarão de fato a realidade deste. Estes exercícios serão de extrema importância para o idoso já que este dormirá bem, adormecerá melhor, terá sensação de descanso ao acordar e melhorará até mesmo sua memória.
Quanto aos exercícios aeróbios Campos apresenta dois tipos de testes de monitoramento dos mesmos: no talk test o profissional deverá, em tempo determinado, pedir para que o idoso fale algo para ele para que seja testado seu cansaço. Com isso, o profissional poderá saber se os exercícios estão muito cansativos conforme a sua fala apresente. O outro teste é o Borg Scale, onde cria-se uma escala de dificuldades na execução dos exercícios tendo como parâmetro o batimento cardíaco do avaliado variado entre a mínima e máxima freqüência aceitável. Assim, os exercícios proporcionarão melhor precisão na aplicação não levando o idoso ao cansaço, lesão ou qualquer outro tipo de comprometimento.
Para Campos, levar em consideração a alimentação, necessidade de vitaminas, hábitos e vícios, riscos de exercícios que põe em detrimento a integridade do idoso, necessidade de orientação médica, atenção individualizada, o risco de sobrecargas, quedas e fraturas e o descanso são imprescindíveis para a vida e cotidiano do idoso.
Sabe-se que no Brasil o número de idosos tem aumentado consideravelmente e, com isso, os desafios para apresentar métodos de vida saudável a esta idade também. Entretanto, assim como o idoso possui desafios interligados que o forçam a uma luta desenfreada rumo à superação assim também deve ser a visão dos profissionais que lidarão com este grupo em ascendência. Sabe-se também que há um tabu a ser quebrado quando se percebe que Educação Física, quando mencionada em meios acadêmicos, leva os ouvintes a associarem esta com a vida jovial e nova do ser humano, deixando de lado os anos finais deste, bem como que a visão de trabalho destes profissionais é muito linear ficando aquém da necessidade de aplicação deste profissionalismo à recuperação da saúde perdida.
Além disso, o despreparo para com o trato com o idoso é latente. Desde ao preconceito, passando pelas questões monetárias e chegando à falta de materiais e informações complexas demonstram que o Brasil ainda não supera, ainda que em teoria, o tratamento do idoso deixando-o sem a dignidade de uma vida sem sofrimentos. Ainda usam-se métodos muito rudimentares e paliativos.
A leitura deste capítulo do livro é recomendada a qualquer um que deseja não só entender basicamente a questão do idoso para com os exercícios físicos como também para aqueles que querem iniciar estudos na área visando o profissionalismo na mesma.
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