terça-feira, 25 de março de 2014

Vários sentidos do conceito “Deus”

Por Carlos Chagas

 Este artigo faz parte da série O que é ser cristão? Caso queira acessar o índice clique aqui.

Nunca na história a palavra “Deus” foi tão usada como nos tempos hodiernos. Seu significado, por isso, se dilacerou buscando caracterizar tanto algo bom como algo temível. Entretanto se se resumir o estudo sobre “Deus” a algo tão somente humano, honestamente, dever-se-ia chamar tal ação de antropologia e não teologia. Falar de Deus é invocar o Logos.

O estudo sobre Deus sempre foi algo necessário e, por vezes, contraditório. E por causa desta contradição alguns setores, como o da filosofia, distanciou do discurso, não só por isso, mas por trabalhar com uma razão antropológica e não teológica. Se for visto o Deus conceituado através da história que a filosofia estuda serão encontrados: o “Deus” que é moral segundo Kant já não o é segundo Nietzsche e aquele que é ou era o Criador, teoria defendida por filósofos antigos, dentre eles, Aristóteles, já não mais existe, como defende Thomas Jonathan Jackson Altizer. Logo, se a história da filosofia exige esclarecimento, ela mesma faz duvidar da sua capacidade de levar a cabo algum esclarecimento.

No caso das religiões estas não nascem de uma intelectualidade adicionada ao cauteloso estudo de caso, mas de uma unidade experimental de conhecimento aliada à vontade e sentimento em busca da inter-relação entre revelação (Deus?) e realidade.

Não obstante, falar de religiões é se inclinar ao erro de se voltar à era pré-iluminista. Erro porque a forma como se aborda algo hoje é aos moldes modernos, e deve haver cautela ao abordar modernamente o termo, uma vez que falar de religião não é o mesmo que dissecar um sapo. Sendo assim, o que seria seguro dizer de Deus?


 
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quarta-feira, 19 de março de 2014

Jean Wyllys: Político, psicótico ou psicopata?

Por Carlos Chagas

Numa sociedade onde a promoção gay é notória o que vemos juntamente com isso são pessoas como Jean Wyllys, campeão de alguma edição do BBB, não só defenderem a classe homossexual como também atacar um grupo colocando suas vítimas como culpados. De tempos para cá pessoas defensoras do movimento gay usam de um falso discurso para própria defesa acusando outros grupos de os atacarem sem levar em consideração que os mesmos princípios que eles usam para se defenderem seriam os mesmos que eles próprios condenam. É como dizem, "Dê corda e veja até onde vai", ou como a Bíblia diz "são pelos frutos que se conhece a árvore". Vejam abaixo dois vídeos sobre esse Jean Wyllys. O primeiro é sobre suas mentiras e contradições. O vídeo foi editado por pessoas desconhecidas por mim e o mesmo parece carecer de contextualizações em determinadas partes dele. Já o segundo vídeo, o preletor é Olavo de Carvalho, que fala com propriedade sobre a qualidade do discurso de Jean Wyllys mostrando que o mesmo é protagonista, juntamente com outros atuais e históricos, da criação da ideologia violenta e massacrante que ele diz ser vítima. Vejam os vídeos:

Desvendando Jean Wyllys:



Olavo de Carvalho sobre Jean Wyllys:



Meditemos sobre nossos frutos.

terça-feira, 18 de março de 2014

A realidade - Parte 4

Por Carlos Chagas

Este artigo faz parte da série O que é ser cristão? Caso queira acessar o índice clique aqui.

Continuação do artigo "A Realidade - Parte 3"

7- Apesar de confiança ter a ver com o material, a fé em Deus em muito se assemelha a estes. Logo, confiança radical e fé em Deus é:

- Não se limitar a uma razão simples, mas na integridade do homem;

- É super-racional uma vez que não se limita a tão somente razão, mas ao relacionamento e ao comprometimento com amor. Assim como não se explica a existência de Deus não se explica a realidade e, assim, há a possibilidade da legitimação da confiança no extra-humano;

- A fé não é irracional uma vez que se dispõem de um apoio na insegurança da realidade. Essa é sua razão;

- Compromissada com a realidade. Assim, como a ciência procura explicar a realidade assim é a fé. Logo, não é cega nem vazia;

- É anexada ao próximo. Não se fala de Deus se não se liga ao próximo.

8- Mas o que o ateísmo pode criticar na fé cristã?

- Aquilo que não condiz com a mensagem bíblica, o que é infrutífero com relação à busca por respostas à realidade;

- Aquilo que ainda não foi experimentado e que se pode confiar. A fé cristã precisa de um testemunho da fé em Deus dentro de uma práxis;

- Aquilo que foi experimentado e que não condiz com a realidade. Até o ateísmo necessita de comprometimento com a práxis.



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terça-feira, 11 de março de 2014

Inimigo e amigo às vezes se confundem

Por Carlos Chagas

Para melhor visualização dos desenhos é só clicar sobre eles.

Sou daqueles que assiste a um mesmo filme diversas vezes. Alguns perco a conta. A saga do Batman lançada em 2005 e finalizada em 2012 foi uma saga que assisti algumas vezes. De início havia gostado do Begins, mas depois de um tempo achei que o Cavaleiro das Trevas foi o melhor. Por quê? Porque a história foi muito bem construída, os atores interpretaram muito bem seus papeis (não só o coringa, mas até o comissário Gordon e Harvey Dent, o Duas Caras) e a "sacada" da mensagem foi demais.

Após assistir pela 5ª vez é que comecei a fazer um paralelo dos personagens do Batman e do Coringa com o cristianismo atual. Percebi o quanto que somos fadados a seguir regras sem ao menos questioná-las e sem, no mínimo, se perguntar se elas me servem ou se sirvo a elas. Para quem viu o 2º filme percebeu que o Batman, no final, é tido como vilão e perseguido pelo povo e polícia uma vez que o Coringa deturpou a forma de se ver o mundo.

 O Coringa surge no filme, para quem o vê pela primeira vez, como um louco e comediante. Mas quando se vê mais atentamente se percebe que o mesmo tem nova personalidade se comparado com os Coringas do antepassado. Este não é comediante mas sarcástico. Não é louco. Apenas um revoltado com o sistema vigente e por decisão própria, agente causador do caos. O Coringa não é mal por acaso, mas um ser criado a partir de uma realidade não muito longe da que construímos no nosso cotidiano e que pratica seu contraponto buscando uma nova dimensão vivencial e também de compreensão das coisas.

No filme, Batman sempre é pego por seguir regras. O Coringa sempre está um passo à frente porque sabe o que o Batman irá fazer. Justamente porque este segue regras. Assim, o Coringa o desafia a quebrar uma única regra, que é tirar a máscara publicamente para que ele o mate, já que o Coringa coloca medo nas pessoas mostrando que toda a sua ação maligna nasce devido o Batman não se revelar. Nasce a pergunta do Coringa: O que vale mais? Uma máscara e a ocultação de um ser por ela ou o povo e suas vidas?

Mas o que tudo isso tem a ver com o cristianismo e com esse blog que tem por nome Cristãos Hoje? É que às vezes, regras são impostas aos crentes atuais e estas jamais podem ser questionadas. Como exemplo cito líderes que percebem certos jargões do tipo "toda liderança é constituída por Deus", "trazei o dízimo à casa do Senhor", "não toqueis no Ungido do Senhor" e criam sistemas a partir destes juntamente com as regras vigentes e aprisionam os fiéis condicionando-os a uma experiência não tão evangelística como pensam.

No que tange à ação do Coringa e ao cristianismo atual, é que o Coringa ousou pensar diferente, o que é bom, mas para a prática do mal, o que é ruim. Mal porque ele não foi empático. No cristianismo atual, pensar diferente é ruim e mal. Não se pode pensar. Vale lembrar que o Coringa foi uma construção dele próprio e do povo e suas ações. Seus sofrimento enquanto criança o tornaram o que ele é. Logo, há a necessidade de mudança não só do Coringa, mas do ambiente que o criou. E o que isso tem a ver com o cristianismo hoje? Perceba a história. A igreja evangélica nasceu devido a impossibilidade de reforma da igreja católica medieval, porque buscava-se o retorno à pureza do Evangelho e à salvação pela graça e fé. Hoje, Deus habita em templos e este é um "barman" que tudo lhe oferece se você souber pedir com jeitinho e com trocas (dízimos?). A Reforma se deu porque pensava-se diferente do que estava vigente e errado. Hoje? É errado pensar. Anos após a Reforma de 1517 uma frase era o lema: "Igreja reformada reformando sempre". Mas hoje o questionar é errado e inconcebível. A regras se tornaram dogmas. Uma ex-professora minha de teologia, Regina Sanches, dizia: "As leis cristãs devem sim aceitar a crítica e o pensamento adverso. Caso isso não seja possível tornam-se dogmas. E se forem dogmas são historicamente demonstráveis dignos de serem protestados". Há a necessidade de mudança e enfaticamente, diferente do Coringa uma vez que produzimos monstros e monstruosidades não muito diferentes de nossas origens.

E o Batman? Este, no filme, buscava fazer o bem, preservando sua identidade e seus parentes e amigos. Mas sua luta pela justiça lhe custou algo. Sua dignidade e honra. O filme termina como sendo ele o vilão. Não que o Coringa tenha se tornado o bonzinho, mas porque a população não sabia mais o que pensar. Batman se tornou vítima de uma leitura da realidade mal feita e desonesta. E é justamente o que vemos hoje. Não se pode questionar ou comentar sobre a Salvação pela Graça no Brasil que muitos dos "Grandes" e "Poderosos" das igrejas logo se levantam e, junto a eles, uma gama de seguidores cegos, que cegamente, preferem atacar os "batmanzinhos" que ao menos pensar sua realidade. A ideia de Deus construída atualmente já se tornou o próprio Deus sendo agora inquestionável. Questionar essa ideia é questionar o próprio Deus. Quantos já se "desviaram" eclesiasticamente porque resolveram falar? Estes hoje são uma minoria que, se somada, tem um grande número de pessoas. Seriam estes os errados? Ou os certos? Fato é que tudo hoje, no que tange ao cristianismo evangélico, deve ser repensado.

Antigamente, nos tempos do AT bíblico, existiam os profetas oficiais e os que falavam o que realmente Deus queria que se dissesse. Estes últimos sempre morriam porque os oficiais é que eram aceitos. Hoje, existem tão poucos profetas da parte de Deus nas igrejas que é necessário um filme dizer cinematograficamente uma realidade fictícia que muito se compara à da igreja e mesmo assim, poucos se preocuparão com isso. 

Sei que este artigo é tendencioso e pode até mesmo ser nocivo, pois sei que muitos dos "revoltados" que em nada são empáticos, podem interpretar erradamente minhas palavras para tão somente destruir a igreja local. Sei que serei mais condenado aqui do que compreendido, mas é para isso que nascemos. Ser profeta é ser inaceitável até por si próprio, às vezes. Todavia espero que bons frutos surjam na igreja de Cristo e que Ele seja louvado de fato e não cantado como vemos nas musiquinhas dos domingos que na verdade surgem para levantar dinheiro e status. E quanto a esta saga do Batman, espero que assistam, pois é por demais boa.

Sobre os desenhos:

Em 2012 iniciei um curso de desenho onde fiz diversas obras. Algumas ainda possuo, outros eu doei, outras rasguei, outras perdi... mas algumas eu ainda publico, assim como foi com as deste artigo. Caso queira usá-las fique à vontade. Não me importo com o fim delas e sim com que sentimento eu as desenhei.

Coringa:

Desenho feito para meu amigo Ailton Junio, uma vez que ele gostou muito do personagem interpretado por Heath Ledger.

Material usado: Lápis de cor Faber Castell, lápis aquarelável Koh I Noor Mondeluz e papel Canson Color A4 120g/m2 negro.

Batman:

Desenho feito para treinamento de perspectiva e de aprimoramento de detalhes como exigência do curso de desenho artístico do Studio A4.

Material usado: Lápis aquarelável Koh I Noor Mondeluz e papel Canson Color A4 120g/m2 negro.

terça-feira, 4 de março de 2014

O bom soldado não se corrompe

Por Carlos Chagas

Caso queira ver a imagem ampliada clique nela

Canson Soldado COPIC Cristãos Hoje
Assim como é na guerra
na vida também o é.
Quando se vence um nome aparece
Mas do soldado se esquece

Poucos são destacados
Raros os destemidos
Mas os poucos destilam seus egoísmos
Esquecendo então dos feridos

No cristianismo assim tem sido
Apóstolos do primeiro século eram os evangelistas
E hoje os evangelistas são missionários
Pois o título "Apóstolo" agora tem pompa
Para os "grandes" que são destacados

Os pequenos eram importantes
Hoje os grandes são os heróis
Ser pequeno é coisa do passado
Ser pequeno não pode passar de instantes

Antes se lutava para durar
Hoje se troca por opção
Antes a labuta era para melhor
Hoje não se luta com discurso de renovação

A igreja lutava por união
Hoje a briga é por separação
Prega-se um céu de reconciliação
Mas na terra o que vale é desunião

A incoerência hoje é comum
Porque normal esta nunca foi
Vemos o mercado das grandes igrejas
Vemos a igreja reformada voltando à podridão

Daí vem o soldado
Da trincheira para a vitória de encontro ir
Este o tiro dispara
Para no seu pé o projétil atingir.

O tiro dele não vai adiante
Porque o povo assim quer
Acostumados a ver a mesmisse
A mudança, de forma alguma, pode acontecer

Mas um soldado não discute as ordens
Como soldado de Cristo continua a disparar
Mesmo que as balas suas mão atravessem
Para depois os pregos o pendurar

Não se é soldado cristão aquele que a homens obedece
Mas aquele que o Evangelho quer para si
E depois aos demais busca levar
Sem mentiras a inserir

Ser um soldado é estar preparado
Para quando chamado ir de encontro
À vida que é prometida
Pelo Senhor deste reinado

Ser soldado é negar a patente
Ser soldado é esquecer sua glória
É pensar na promessa
Que seu General lhe apresente

Saia da trincheira quando preparado estiver,
não olhe para trás, foque no seu alvo
vá sem medo, sem afobação
mesmo que um tiro leve
mesmo que a morte ria para você
lembre-se que muitos correm contigo
com o objetivo de vencer

Se a morte lhe sorri
cabe tão somente a você sorrir de volta
Pois lutamos com Aquele
que nem a morte suporta

Negue a má conduta
Lute com o novo coração
tente e tente novamente
até a ovelha virar um leão
Assemelhando-se a seu Pai
que é simplice como pomba
e prudente como serpente

Vá ao chão
levante-se novamente
Caia de novo
demore a levantar
mas levante-se sempre

Caso venha cair e não mais levantar
Não temas, pois os anjos o levantarão
Se não Ele mesmo
A sua mão vier a segurar.

Sobre o desenho:

Sou apaixonado por II Guerra Mundial. Não pelo acontecimento, mas porque nela descubro quem eu sou. Devido ao curso de desenho artístico que eu fazia tornou-se necessário usar materiais para aprimoração. Como já havia esboçado este soldado desconhecido resolvi usar os materiais no mesmo. Após um tempo, resolvi escrever um poema após apreciá-lo. Realmente não sei quem desenhei e muito menos se ele está vivo de fato, mas nos meus sonhos ele ainda está lutando o bom combate.

Caso queira usar o desenho fique à vontade. Pirateie, copie, redesenhe, retire meu nome, enfim, faça o que quiser.

Material usado: Lapiseira Pentel 0.5 grafite HB, Sketch Markers Copic escala cinza neutro (canetas N0, N2, N4, N6, N8 e 0.5), tinta nanquin Trident e papel Canson A4 140g/m2 branco levemente granulado.