terça-feira, 24 de setembro de 2013

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Livro "No Credo" gera dúvidas quanto à religião - TEMA: Animais

Por Carlos Chagas

Uma vez comentada a primeira parte do livro, onde o autor Djalma Stuttgen trata da escravidão, passo agora a comentar sobre a segunda parte do livro que fala sobre a matança de animais e a aprovação e aceitação de Deus, tanto no AT quanto no NT.

No decorrer da leitura do livro "No Credo" percebe-se a riqueza de citações bíblicas que o autor Djalma Stuttgen inferiu em seu livro para mostrar que não é raso em leituras do livro sagrado que, para ele não o é. Respeitando sua posição não posso deixar de atestar que Stuttgen é um perito em localizar textos e citá-los bem como comentá-los criticamente.

Na segunda parte de seu livro ele comenta que a prática de sacrifícios de animais é algo comum e totalmente aceitável por Javé (Jeová). Ainda no decorrer da leitura percebe que não só Deus aceitava isso como também o povo de Israel e outros povos da época, deixando claro que o Egito era um povo que abominava tal prática.

Ainda na leitura do livro, em sua segunda parte, percebi algo incrível: a citação da escola javista como uma das que escreveram o AT (para ler mais sobre esta escola clique aqui). É muito difícil acharmos textos sobre a Bíblia que tenham a citação de escolas como a javista, eloísta, sacerdotal e deuteronomista. Sabe-se que cada uma tem sua particularidade e inferência no texto ao criá-lo ou redigi-lo. O fato é que quem chega a conhecer tais escolas e as compreende sabe que muita coisa deve ser considerada ao comentar suas composições. E é sobre isso que Stuttgen peca.

Resumidamente, para que você leitor entenda o básico sobre essas nomenclaturas (javista, deuteronomista, etc) existem duas grandes compreensões de formação do AT: Uma é de que Moisés e seus sucessores que escreveram o AT (compreensão mais comum nas igrejas de hoje aqui no Brasil) e escolas teológicas do judaísmo que, com o passar do tempo, elaboraram crenças complexas sobre Deus, povo e criação e, com isso, ao criarem os textos sagrados (Bíblia/AT) incutiram neles suas crenças. Para maior compreensão do que eu falo aqui, procure neste blog tais textos sobre essas obras no menu abaixo:

Para ler sobre a Obra Histórica Eloísta clique aqui.
Para ler sobre os Escritos Sacerdotais clique aqui.
Para ler sobre a Obra Histórica Eloísta clique aqui.
Para ler sobre a Obra Histórica Deuteronomista PARTE 1/2 clique aqui.
Para ler sobre a Obra Histórica Deuteronomista PARTE 2/2 clique aqui.
Responda você mesmo à pergunta: Moisés escreveu o Pentateuco?

Não cabe aqui dizer se isto é digno de aceitação ou não no que tange à formação do AT, mas o fato é que se você usa a compreensão de tais escolas, você deve respeitá-las em suas elaborações e condições históricas.

Acredito que Stuttgen peca ao falar de tais escolas quando ele cita uma delas e não considera suas limitações. O Javista se preocupa com sua grande temática: O homem e sua relação com o mundo e com Javé/Jeová. O javista necessita compreender o homem. Logo, tudo gira em torno do humano.

Vale lembrar que qualquer religião é elaboração humana e esta só existe quando o homem, em seu meio e realidade atual, incute nesta religião sua integralidade vital. Ou seja: A religião é limitada ao que o homem ainda compreende e crê. Não se nega aqui a intervenção divina, mas até a compreensão sobre o que seja Deus e sua interpretação para o papel passa pelas limitações humanas.

O que Stuttgen faz é atacar a religião do AT e o cristianismo primitivo do NT dizendo que a morte dos animais é uma covardia e crime ambiental. Mas se esta religião for lida com a ótica de hoje, haverá uma injustiça histórica, já que naquela época isso era aceitável e comum. Para uma reflexão: E se alguém falasse para Moisés, Davi, Jesus ou Paulo que um grupo de cientistas estudam mutações genéticas e testes de vacinas em ratos presos em laboratórios, com suas sortes já lançadas no cativeiro, para tão somente servirem ao homem em seus sofrimentos e que isto é totalmente aceito pela sociedade beneficiada por esta atrocidade??? O que eles diriam? E se falássemos para Moisés, Jesus, Paulo e São Francisco de Assis que um grupo de pessoas criaram animais (vacas) e este, sabendo que as mesmas são vegetarianas, inseriram em suas dietas suas próprias vísceras e ossos para uma engorda mais rápida e que isso foi tratado como normal para quase todo o MUNDO o que será que eles diriam? E mais: E se disséssemos para todo o povo bíblico que nos preocupamos mais com o petróleo que com toda a vida marítima? E se disséssemos que na Grã-Bretanha foram chacinados mais de 4.000.000 de animais em pouco menos de 1 ano por causa desta dieta, que gerou o mal da vaca louca? Será que eles diriam que não é a vaca que é louca mas nós mesmos?

O fato é que falar mal da religião e dizer que a mesma não tem ética ou moral alguma gera uma mutualidade inversa de valores, a qual não é vista hoje. Troca-se 6 por meia-dúzia.

Lembra-se do famoso "assim diz o Senhor"? Até neste trecho tem elaboração teológica. Não é uma psicografia impensada. Nada religioso é impensado. E não se pode culpar uma religião de 4000 anos atrás só porque ela não é como hoje se pensa.

Outro problema é que o próprio autor deixa transparecer sua compreensão de que não é bem Deus quem manda fazer ou agir. Para quem lê fica claro que Stuttgen não crê assim e mesmo assim ele, de certa forma, usa tal compreensão para ataque. Não considero isso algo bom. Se você não crê em algo não o use como se cresse.

Pensei criticar o resto do livro mas é por demais repetitivo a forma de compreensão do autor. Simplesmente sua obra não respeita a limitação histórica, cultural e teológica de um povo, condenando-os a partir da compreensão que se tem hoje. Logo, na minha compreensão, o livro é muito reduzido na sua interpretação histórica. Rico em ideias mas pobre em argumentação.

Recomendo a leitura de "No Credo" a todos os que gostam de curiosidades e desafios e a todos que gostam de atacar religiões, em específico, o cristianismo e o judaísmo, todavia, não se deve limitar-se a só este livro. O livro também é bom para se ter uma gama de citações sobre holocaustos, animais e sacrifícios. Tais citações servem como uma chave-bíblica para localização de textos. Mas um aviso: Aos que gostam de destruir religiões não usem este livro contra uma pessoa entendida de história e teologia e que respeita as regras de interpretação: Vão levar uma coça em palavras!!!

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Livro "No Credo" gera dúvidas quanto à religião - TEMA: Escravidão

Por Carlos Chagas

Há alguns meses atrás recebi um email de um professor da Bahia chamado Djalma Stuttgen, no qual vinha em anexo o seu livro intitulado "No Credo" (que pode ser baixado clicando aqui) onde neste Stuttgen faz ataques sinceros e pesados a diversas religiões e, dentre estas, o Cristianismo. Mas antes de falar do conteúdo do livro eu gostaria de agradecer a este autor pela nobreza de sua parte em me enviar seu livro GRATUITAMENTE e me permitir publicá-lo e comentá-lo restringindo-me a tão-somente citar sua obra em nota. Muito obrigado pelo envio desta preciosidade. Conforme minha crença: Que Deus seja louvado!

Não há como não me apaixonar pela leitura do mesmo. Os que me conhecem sabem que adoro ler coisas que me desafiam e que me impulsionam a ir além dos meus próprios conhecimentos e o livro "No Credo" consegue me fazer pensar. Porém, as respostas aos primeiros ataques do livro, acredito eu, já foram respondidos pelo chamado "Método Histórico-Crítico" de interpretação dos textos bíblicos e de sua formação e constituição e, no que tange à religião, minha monografia, de 2008 (seu livro é de 2004 com reedição em 2012) trata bem do assunto. Para um exemplo sobre o método histórico-crítico leia um artigo meu clicando aqui, ou caso queira baixar minha monografia clique aqui.

Na primeira parte o autor diz que se uma religião que diz ter como princípio moral o "amar ao próximo" pratica a escravidão, a exclusão sexual (caso da mulher), xenofobia e práticas não adequadas socialmente falando, a mesma não é digna de crédito. Acredito que o problema é de fácil explicação:

1- Para os que entendem que a religião é um processo histórico que parte do homem após sua percepção do Divino não haverá dificuldades com tais textos citados em suas primeiras páginas já que o "amar ao próximo" também é elaborativo e expansivo: Amar aos da minha "tribo" > Amar os que adoram o meu Deus > Amar os que são os meus amigos > Amar os meus amigos e inimigos, ou seja, o meu próximo. Logo, o cristianismo é processual e de avanço progressivo. Mas fica claro que para aqueles que interpretam o cristianismo como sendo algo criado por Deus ao homem terão muito o que explicar.

2- Assim como a religião sofre críticas a partir da leitura de seu passado com a ótica de hoje, assim também qualquer subdivisão e área da sociedade sofrerá críticas ao ponto de se alcançar o niilismo, o qual é nocivo à sociedade. O que se poderia dizer hoje, por exemplo, do capitalismo e sua provocação de crise global que nasceu atualmente na Europa e afeta o mundo todo? E o que dizer da teoria da evolução que insistiu (ou ainda insiste?) em dizer que o homem veio do macaco mesmo tendo cientistas dizendo que o gene mais próximo do ser humano vem dos ratos? E a política? E a democracia? etc, etc, etc. Resumindo: Tudo está no processo!

As leis eram apropriadas para o povo de sua época e para uma leitura honesta de um texto deve-se entender a época da escrita: Existia um sistema tribal e não as nações que conhecemos hoje. Quanto às punições mais severas aos de fora da tribo, isso também tem suas vertentes nos dias de hoje. Um exemplo? Por que as leis brasileiras não funcionam com políticos ou policiais? Por que alguns têm imunidade diplomática enquanto outros não? Uns são mais humanos que outros?

Uma observação que faço ao livro é que há sim evidência de empregos de escravos no Egito conforme estudos da revista Super Interessante (não me lembro a edição) onde se diz que a escravidão não era assim tão ruim como dizem. Mas convém-se dizer aqui que não foram os escravos que construíram as pirâmides. Todavia isso não isenta a escravidão das terras egípcias.

Ao chegar no assunto sobre a escravidão no NT achei o texto por demais tendencioso, uma vez que não aborda circunstâncias e momentos da história daquele povo adequadamente. Percebi também que a profundidade de Stuttgen na história de Jesus é para tão-somente aprovar suas afirmações. Para clarear aqui o que digo relembro a parte que o autor condena Jesus por ter entrado em acordo com os demônios quando este permitiu aqueles que adentrassem na vara de porcos. Ora, e se eu interpretar que a criação de porcos era imundície para judeus? Ou quem sabe outro tipo de interpretação que vá além da usada por Stuttgen?

Vale lembrar também que foi graças a progressiva interpretação humana da vida que nasceu do cristianismo primitivo é que órfãos e viúvas tiveram sua vez na atenção dispersada pela sociedade. Também os prisioneiros puderam adquirir a chance de ter um lugar à luz do sol. Isso graças aos monges. Logo, mais uma vez, a religião se mostrou evolutiva e não tão involuida quanto apresentada por Stuttgen.

Entretanto concordo com Djalma Stuttgen quando este se demonstra contra a escravidão. Segundo minha interpretação (dos tempo de hoje) a escravidão SEMPRE foi um erro. Mas a civilização cresce com seus erros. Nas palavras de um antropólogo de renome: "A formação e motivo de existência de uma sociedade tem por base a violência".

Para continuar com as críticas do restante do livro clique aqui.


terça-feira, 3 de setembro de 2013

Manual da mesa Behringer Europower PMP 1000, 3000 e 5000

Por Carlos Chagas

Se você procura operar a mesa Behringer Europower PMP1000, PMP3000 ou PMP5000 você não pode deixar de ler e ter o manual desta mesa que agora se encontra disponível para download aqui no blog. Basta clicar aqui e baixar o manual em português.