Por Carlos Chagas
Atenção: Este artigo é uma cópia literal de um trecho do livro chamado "O livro das Religiões" de Gaarder, Notaker e Hellern exceto pela figura. Os méritos são dos autores.
O taoísmo se baseia num livro chamado Tao Te Ching, "O livro do Tao e do Te". Tao (ordem do mundo) e te (força vital) são antigos conceitos chineses aos quais Confúcio deu uma interpretação um pouco diferente.
O Tao Te Ching é um livrinho de apenas vinte ou 25 páginas, dividido em 81 capítulos. Ninguém sabe ao certo quem o escreveu, mas diz a lenda que foi o filósofo Lao-Tse, que viveu no século VI a. C, tendo sido mais ou menos contemporâneo de Confúcio. As histórias sobre a vida de Lao-Tse são muitas e variadas, e os historiadores não têm certeza sequer se ele de fato existiu. Feita essa advertência, abaixo vamos nos referir a Lao-Tse como autor do Tao Te Ching.
Tao — O Grande Princípio
Para Confúcio, o tao era a suprema ordem do universo, que o homem tinha de seguir. Lao-Tse também concebia o tao como a harmonia do mundo, especialmente do mundo natural. Só que ele foi mais além: o tao é a verdadeira base da qual todas as coisas são criadas, ou da qual elas jorram. Várias vezes o tao é descrito como o "Céu", isto é, como algo divino, embora não seja um deus pessoal.
A diferença mais importante entre a concepção de Lao-Tse sobre o tao e as outras é que Lao-Tse acreditava ser impossível descrever o tao de maneira direta e racional. "O tao que pode ser descrito não é o tao real", disse ele. Isso significa que o homem não pode investigar ou estudar a verdadeira natureza do tao, não pode usar o intelecto para compreendê-lo. Ele deve meditar, imerso numa tranqüilidade sem nexos e esquecer todos os seus pensamentos a respeito de coisas externas, como o lucro e o progresso na vida. Só então irá alcançar a união com o tao e será preenchido pelo te, a força vital.
Vida social
O taoísmo implica passividade e não atividade. Para um sábio taoísta, a ação mais importante é a "não-ação". Isso obviamente tem uma grande influência em sua visão da vida comunitária. Enquanto Confúcio desejava educar o homem por meio do conhecimento, Lao- Tse preferia que as pessoas permanecessem ingênuas e simples, como crianças. Enquanto Confúcio ansiava por regras e sistemas fixos na política, Lao-Tse acreditava que o homem deveria interferir o mínimo possível no desdobramento natural dos fatos. Confúcio queria uma administração bem-ordenada, mas Lao-Tse acreditava que qualquer administração é má. "Quanto mais leis e mandamentos existirem, mais bandidos e ladrões haverá", diz o Tao Te Ching.
O Estado ideal de Lao-Tse era a pequena comunidade (a aldeia ou a cidade pequena) que, segundo ele, existia já nos tempos antigos. Ali as pessoas tinham vivido em paz e contentamento, sem interesse em guerrear contra seus vizinhos, como fizeram mais tarde as províncias chinesas. O líder devia ser um filósofo, e sua única tarefa era que sua passividade e seu distanciamento servissem de exemplo para os outros.
A caridade ativa não faz sentido para um taoísta. Mas ele tem uma boa vontade sem limites para com todos os outros, sejam eles bons ou maus.
O Taoísmo como uma religião popular
Alguns discípulos de Lao-Tse direcionaram o misticismo natural para aspectos mais mágicos. Foram esses elementos de magia que encontraram maior ressonância entre as massas, ao se incorporarem às crendices e feitiçarias de tempos mais antigos. Por exemplo, Lao-Tse acreditava que quando um indivíduo permanece passivo, preserva sua força vital por longo tempo, mantendo-a saudável e pura. Mais tarde, algumas pessoas começaram a interpretar essa idéia como a possibilidade de alcançar uma longevidade cada vez maior, e passaram a se interessar em se tornar imortais. Filósofos taoístas, além de meditar, exercitavam práticas mágicas e tentavam descobrir o elixir da vida eterna. Lado a lado com o taoísmo filosófico, foi se desenvolvendo uma religião popular baseada em Lao-Tse mas que também tinha seus próprios deuses, templos, sacerdotes e monges. Havia rituais complexos, em parte inspirados pela prática budista, com procissões, oferendas de alimentos aos deuses e cerimônias em honra dos vivos e dos mortos.
REFERÊNCIA:
GAARDER, Jonstein; NOTAKER, Henry; HELLERN, Victor. O livro das Religiões. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. págs.: 80-82.
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