Por Carlos Chagas
Todo poema tem sua história. E esta, para o autor, é mais autêntica que a história geral de um livro do melhor estudioso. E nessa autenticidade nasce a arte de pensar. E da arte de pensar nasce a arte de embelezá-la, seja com alegria, seja com o "tom de cinza". Sou um escritor de mim mesmo e de minha história. E gostaria de exteriorizá-la. Não me interessa o que querem que eu seja, só quero, ainda que uma vez, ou por um instante, ser eu mesmo.
Sou aquilo que você criou
Carlos Chagas
Triste e quem sabe aterrador,
ser eu este tipo de ser,
que nos olhos não mais se pode ver
aquele brilho que outrora era encantador.
Heráclito dizia: O Rio não mais se repete.
Não sabia o que isso queria dizer.
Mas foi através das chibatadas em minha pele
é que vim a compreeender.
Adão pecou, o mesmo Paulo fez.
Eu, você, o mundo todo veio a pecar.
Mas em Cristo aprendo e perdoo.
Todavia aquele primeiro ser não mais posso me tornar.
O Rio passou,
e com ele viajei.
Não sei onde vou parar.
Entretanto jamais ao início tornarei.
O perdão é para a pessoa que chibatou.
Esta está livre de sua má conduta.
E a chibata que a mim marcou?
O que fazer com a típica marca da escravatura?
No perdão carrega-se o amor.
O ódio ali já não mais pode habitar.
Mas no perdão não há uma borracha,
que a memória ela consiga apagar.
Portanto se assim o trato,
não é por vingança e nem por mero revidar,
porém sou a árvore que da sua semente veio nascer.
Doce ou amargo o fruto pode ser.
Quando o experimentares lembre-se:
Foi graças a você que assim eu sou,
e jamais ao original voltarei,
pois sou aquilo que você criou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não esqueça de comentar esta postagem. Sua opinião é muito importante!