Por Carlos Chagas
Primeiramente assista ao vídeo abaixo. Ele é dividido em 5 partes. Caso queira assistir a todas é só seguir os links que o YouTube oferecer, todavia me manterei concentrado apenas neste:
Este vídeo foi produzido pelo canal History Channel (TV Fechada), o qual é rico em detalhes e abordagens. Todavia não é a opinião teológica final sobre o que seja pecado, e este, o pecado da luxúria. Antes de se falar sobre o pecado da luxúria, será dado um breve conceito sobre o termo:
Luxúria: Segundo o dicionário Aurélio é o mesmo que incontinência, lascívia e está estritamente ligado à sensualidade.
O vídeo aborda o surgimento do pecado da luxúria na história buscando mostrar como que o cristianismo passou a percebê-lo como pecado digno de entrar na lista dos pecados capitais. Segundo estudiosos convidados pelos produtores do vídeo, um monge chamado Evágrios (ou Evágio, ou Evágrius), do século IV, que desenvolveu uma teologia hamartióloga sobre a luxúria e a soberba. Mas foi só na Idade Média, com Tomás de Aquino, que o "Cânon" dos pecados capitais foi finalmente fechado com os Sete Pecados: Orgulho, Inveja, Ira, Preguiça, Avareza (Egoísmo), Gula e Luxúria.
Neste artigo não tenho o que discordar sobre os argumentos do vídeo, mas tenho algo para levar o leitor deste artigo a refletir quando, no minuto 0:30, se diz que "De acordo com a teologia cristã pecar é simplesmente pensar nesses pecados capitais." e no minuto 9:44 se diz: "O Judaísmo entende que o desejo é ingovernável e que você sempre vai querer fazer ou então vai desejar coisas que nã deve ter. O desejo em si não é pecado. Só o que você faz com ele." Digo que a 1ª afirmação está incorreta. Apesar de muitos defenderem que só o ato de pensar é pecado ainda existe uma segunda linha de raciocínio que discorda da mesma. E essa linha está intimamente ligada à 2ª afirmação acima, que é da teologia judaica. Isso pode ser confirmado na fala do próprio Jesus Cristo quando este diz: "Eu, porém, vos digo: Qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela". Mt 5.28. Esta passagem bíblica abre o pensamento cristão de que o simples pensar não é o pecado propriamente dito, mas o "maquiná-lo" no coração sim. Esta passagem está num contexto onde Jesus mostra que o pecado não está em infrigir a Lei de Moisés, mas de maquinar algo no coração com intenções de ferir o próximo, a Deus, a Criação e até a si próprio. Por isso Jesus diz " com intenções malígnas em seu coração.
No grego, transliterado está "emoixeusen" para o nosso "intenções" (clique na imagem ao lado para visualizar melhor). Esta palavra vem da outra palavra grega "emòi", que por sua vez é o Dativo Singular da palavra "egò", de onde o nosso "egoísmo" nasce. A palavra grega transliterada "egò" é "eu" em grego. Logo, a palavra "emoixeusen" traz um sentido de "egoísmo" para o versículo. Assim, a tradução "com intenções malignas em seu coração" soa melhor que a usada por mim acima, já que o egoísmo gera um coração mal que não pensa no próximo. Portanto, Mt 5.28 traz um sentido de que o olhar e pensar só é pecado quando maquinado com consciência pelo coração daquele que o pratica. Assim, o pecado é algo maligno que se faz com consciência.
Finalizando, para sua reflexão, pecar é praticar algo maligno, com consciência de que aquilo não é bom e que é necessário evitar tal ato. Logo, afirmar que efetivamente o Cristianismo diz que o simples pensar (na qualidade dos pecados capitais) é pecado, como foi o caso do pesquisador do vídeo é uma afirmação um tanto quanto equivocada, já que não é verdade.
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