terça-feira, 9 de abril de 2013

Humanismo mediante revolução político-social?

Por Carlos Chagas

Este artigo faz parte da série O que é ser cristão? Caso queira acessar o índice clique aqui.

Fica claro que também, na área da revolução político-social, a ideologia humanista também se encontra abalada. Talvez o potencial humanístico se destaque melhor no marxismo para o qual o mundo deve grandes reconhecimentos. Os cristãos devem reconhecer que em teoria o marxismo descreve muito bem a forma como o capitalismo desumaniza o homem, quando este o escraviza o tornando subproduto de seu próprio meio. Marx não só apresenta tal coisa como também descreve como tornar o homem mais humano, quando este luta contra o autointeresse, o aproveitamento do lucro e o dinheiro como sendo uma divindade. Em outras palavras, Marx demonstra que a mercadoria não deve dominar o homem e sim o vice-versa. 

Fato é que a teoria de Marx não é somente muito interessante como também forte, todavia ao se pegar os países ou cidades que se adequaram às teorias marxistas, como Pequim e Moscou, ver-se-á que na prática não funcionou como a teoria demonstra. Os países devem sim a Marx pela sua enorme contribuição mas o fato é que o homem não se tornou mais humano com a prática deste socialismo (comunismo). Os grandes sistemas ortodoxos socialistas, como o marxismo e o leninismo, não valorizaram o homem quanto o homem. O que se viu foi a criação de um “aburguesamento do proletariado”, que é a classe média criada a partir de então, que serviu para mostrar que o marxismo, não só se revelou simplista demais na luta pelo conserto entre proletário e patrão, como também sua concepção da história do homem trouxe construções de realidades artificiais, não adequando à sua teoria, e criou falsos pressupostos da história. 

Marx até chegou a marcar o fim do capitalismo alemão e inglês. Primeiro para 1848, depois para 50, 70 e finalmente para a virada do século! Falhou. Sua esperança de implantação do comunismo frustrou. O que se viu na história foi o socialismo se implantando em países considerados agrários e “atrasados” economicamente enquanto que o capitalismo se demonstrou evolutivo e sensível a correções. Além do mais conseguiu trazer revoluções sociais profundas como a proibição de trabalho infantil e amparo à velhice. No que se sabe jamais no Ocidente ou no Oriente se viu algum sistema ser criado que substituísse ou corrigisse o capitalismo de forma a não criar danos maiores. 

Já o marxismo soviético renomeado de Stalinismo, tentou com uma revolução mudar a história de seu país a começar com a implantação do socialismo para depois finalizar com o comunismo tão sonhado por Marx. Mas este plano também falhou. Nas palavras de Hans Küng: “O comunismo soviético surge como uma nova forma de alienação do homem com uma ‘nova classe’ de funcionários, com traços ’religiosos’ (messianismo, absolutismo do sacrifício) e aspectos ‘eclesiais’ (textos canônicos, fórmulas quase-litúrgicas, credo, hierarquia infalível, tutela do povo, inquisição e medidas compulsórias), características também presentes no maoísmo chinês”. Tudo isso para ser realizada uma pergunta: Em quê o marxismo contribuiu que fosse o aprimoramento ou elevação do homem da religião? Qual a diferença entre marxismo e religião? Se religião é o ópio do povo, em que o marxismo se apresenta como não sendo o ópio do povo? Chega a ser lamentável a situação soviética quando um patriota de nome Alexander Soltchenizin publica o Archipel GULAG (1974) onde ele revela que esse sistema, econômica, social e ideologicamente estático, a curto prazo, não demonstra a mínima preocupação de mudar essencialmente a história em voga com vistas à liberdade do homem, no interior. 

Na história o cristianismo já foi acusado de queimar bruxas, sacrificar pessoas ao sistema, as igrejas já se puseram contra à mensagem principal do Evangelho, entre outras situações. Àqueles que lembram isso fica dito que já estão em nível superior e na obrigação de serem melhores. E também na história agora se pode perguntar: Vai contra o comunismo aquele partido que não aceita a violência por atacado, a ditadura que liquida sem dó nem piedade todos os opositores, que esmaga qualquer “contra-revolução” sem consideração pelas vítimas? 

No caso do marxismo aplicado na Tchecoslováquia como humanístico-pluralista se comparou com o marxismo-leninismo ortodoxo em sua tragédia. Já o neomarxismo Conseguiu ir contra a revolução usando a mesma arma: a revolução. E seus efeitos foram os mesmos, que é matar, só que desta vez seus mestres, os marxistas ortodoxos. Se o marxismo ortodoxo comprovou ser nocivo o ato de alguém pensar contra, o neomarxismo fez o mesmo na prática de seu pensamento antes chamado de “nocivo”. 

Ainda sobre o neomarxismo sua prática demonstrou que estavam sim num beco sem saída. Chegar ao absurdo de usar a violência contra a violência é um exemplo. A busca pelo pacifismo recorreu à guerras e motins e por pouco não entraram em estado terrorista. Enganos políticos e cegueira ideológica e prisões de pessoas que pensavam diferente do regime em voga eram coisas comuns. Assim, destacou-se um sistema que diz valorizar o homem matando ele e que não tinha perspectiva alguma para um fim proveitoso e não violento. 

Fica nítido que nem o marxismo ortodoxo, nem o neomarxismo conseguiram estabelecer o socialismo sequer através da revolta. Muito menos o estabelecimento do comunismo. Fica então a pergunta: Não seria porventura interessante para o movimento suspender-se a si mesmo como se fosse um auto-extermínio, uma vez que essa teoria quando é aplicada na vida do ser humano trai as próprias metas por meio da violência e opressão? Não seria essa revolução algo que se desmacara como sendo o “ópio do povo”? Em suma se diz: É o humanismo revolucionário que caminha para a desumanização do homem. E por causa de tudo isso deveria não mais existir a esperança por um mundo melhor? Deveria jogar fora a criança juntamente com a água do banho? Ou desistir significa não aceitar o marxismo como uma teoria que explica total e eficazmente a realidade oferecendo exclusivamente a solução para o homem? 

Continua a pergunta: a grande recusa da juventude extremista (neomarxismo) deverá ser respondida com outra grande recusa dos estabelecidos (marxismo ortodoxo)? Não se pode ser marxista e tão somente marxista e achar que mudará o mundo. Mas há a possibilidade de ser marxista e ao mesmo tempo religioso, no caso, cristão. Ser cristão não é possibilidade apenas do marxista, todavia de todos que queiram. E vale lembrar: Para ser humanista não é necessária a descrença em Deus, como fizeram os marxistas que se achavam revolucionários. 



Assim, parece que para o marxista, por ser arreligioso, morre sua esperança pelo objetivo um dia concretizado. Mas para o cristão, em seu ideal religioso e de esperança, ainda existe uma possível cogitação: Não é exatamente o cristão a pessoa capaz de contribuir decisivamente nesse ponto? 


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