terça-feira, 21 de maio de 2013

Mais que a razão pura

Por Carlos Chagas

Este artigo faz parte da série O que é ser cristão? Caso queira acessar o índice clique aqui.


Apesar de Kant em Crítica à Razão Pura, ter deixado a ideia sobre Deus um tanto quanto vaga, em Crítica da Razão Prática se vê que Kant não nega (mas também não defende) que Deus exista. 

Kant procura pensar o homem e sua prática. Pensar em Deus é um tanto vago para ele, mas o agir do homem não. Assim, Kant procura estabelecer valores na ação do homem e chega à conclusão do homem ser uma entidade moral. Logo, suas ações ligam, de certa forma, ao desejo (por exemplo, à felicidade). Assim, o “objeto” Deus pode ser concebido. E se pode, sua realidade não é negada. 

Mas ainda sobre Deus, Kant passa a ser questionado em duas coisas: (1) E se a ideia de Deus for algo negativo como diria Nietzsche anos mais tarde? Ou seja, e se o conceito de moralidade do homem for algo variável e subjetivo, mas que se apresenta como objetivo? E (2) por que considerar o fato de que o homem necessita de uma moral deve ser estritamente ligada à felicidade e, com isso, alimentar uma ideia de um Deus bom? Parece que a ideia intitulada “Deus” só serve para unir valores morais universais e que este não chega jamais a ser uma pessoa ou algo do tipo. 

A ideia de que um dever imposto ao homem pelo próprio homem englobando a moral, categorizado por Kant parece matar Deus antes de Nietzsche e Zaratustra (protagonista criado por Nietzsche para anunciar a morte de Deus e o livramento da humanidade deste). Todavia, com tal crise para falar sobre Deus ainda não há como impedir a valorização da religião como realidade ao homem. Matar Deus, enquanto objeto, não anula o conteúdo religioso. Até então, o que vimos é que nem um sistema prático, nem um sistema filosófico, ao menos ainda, não resolvem o que se refere ao fim da religião. Uma vez que o homem se demonstra corrupto e desonesto em si e consigo, a religião ainda possuirá força. Não há conclusão dedutiva de Deus a partir da realidade vivida pelo homem que, como se vê na história, é cheia de altos e baixos. 

Então o que resta? Küng diz: “uma reflexão feita nas pegadas do conhecimento concreto da realidade, meditação esclarecedora, iluminadora com objetivo prático”. Logo, seria interessante relacionar Deus com a realidade e história humana visando algo crível, buscando a honestidade e responsabilidade racional da fé de forma até mesmo razoável, afinal, a fé não precisa necessariamente ser irracional. 



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2 comentários:

  1. Eu estou tentando continuar lendo "Provas da existência de Deus", mas não está dando certo... Aquela frase: "para continuar com o estudo clique aqui" não está de cor diferente e quando eu clico nela nada acontece...

    Alessandra.

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  2. Ô Lê, é porque ainda não foi publicado o outro artigo. Assim que publicar eu coloco o link para a continuação

    Abração

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