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Continuação do artigo "A Realidade - Parte 1"
3- Eis o impasse:
- Se Deus existe deve ser
provado pela realidade;
- Se Deus não existe também
deve ser provado pela realidade;
Para falar de Deus se parte
de dois princípios: Um é a “fé” da religião, categoria esta que fundamenta toda
sua teologia; e outra é a “descrença” ou hipótese, que fundamenta todo o
discurso e argumentos dos, no caso, ateus.
Logo o homem se vê num
impasse. Deve decidir pela fé ou descrença que, esta última que em análise mais aprofundada é a “fé da
ciência”, mais conhecida como “hipótese” (algo ainda não comprovado
racionalmente). O homem se encontra sem coação intelectual.
O que deve ser entendido é
que mesmo que o homem não decida nada ele assim já está decidindo. Ir para a
“fé da religião” é decidir por nada segundo os ateus. Mas não decidir por ela é
ficar no nada já que Deus não foi anulado pelos ateus e o niilismo. Mas o
desempate dessa briga se dá agora.
O que se percebe é que a
verdade, ao invés de não existir, ela simplesmente não pode ser aceita, segundo
o ateísmo. Por quê? Porque nos dias de hoje parece que a verdade só o é quando
é banal. Quanto mais profunda a verdade mais o homem deve se abrir para ela. A
verdade atual só o é quando se tem segurança e esta segurança só está no plano
mais raso, mais simples. Mas o homem deve orientar para ela o intelecto, a
vontade, o sentimento para alcançar a autêntica certeza, esta que não necessariamente
vem acompanhada de segurança.
No fim de tudo, percebe-se
que:
- O não a Deus (recusa)
denota uma confiança radical, mas sem
base, depositada na realidade.
- A sim a Deus (aceitação)
denota uma confiança radical, fundamentada,
para com a realidade. Quem afirma Deus sabe pelo que confia em Deus.
Logo, não é um empate.
4- O ateísmo que tenta se
apresentar como algo racionalmente aceitável está longe disso. O ateísmo não
busca nem apresenta uma meta final consistente de apego da realidade. Antes só
apresenta críticas destrutivas sem novas construções. Chega ao niilismo. O
ateísmo não dispõe de mecanismos para indicar alguma condição de possibilidade da
realidade incerta. Assim, tenta se apresentar como racionalmente certa, mas que
na verdade não passa de irracional e nociva ao homem.
O ateu se expõe à falta de
meta, ao risco da falta de base, de suporte e objetivo. Além do mais, o
ateísmo, que nasceu para questionar a religião, é questionado por todos nas
mesmas questões, questões estas que visam as mesmas tentativas históricas:
Sobre a vida humana. Seriam estas perguntas:
- O que podemos saber? Desde
o motivo de sua existência até o sentido da realidade.
- O que podemos fazer? Desde
o que fazer até o sentido da amizade.
- O que podemos esperar?
Desde o sentido da existência até a tentativa de não aceitação da morte como
absurdo.
O fato é que para um ateu
que entende sua história entende agora que se antes a iniciativa era destruir a
religião porque não responde a essas perguntas agora se vê perguntando a mesma
coisa. E o pior: Também não sabe responder e perde para a religião, porque esta
ainda busca sentido de vida.
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