quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Simples palavras sobre o porquê de eu não ser espírita kardecista

Por Carlos Chagas

Após postar um breve estudo científico que foi publicado pela revista Super Interessante achei viável colocar alguns dos motivos pelos quais não me torno um espírita kardecista. Que fique claro que isto é apenas minha posição e não para levantar brigas e/ou discussões sem aproveito.

1- Pelo fato de o Espiritismo Kardecista nascer em meio ao fim do Iluminismo, juntamente com o pior momento dos questionamentos sobre a real necessidade de religiões, com o cristianismo sendo apontado como algo primitivo, uma vez que envolve fé e não razão somente, creio que ser espírita é se tornar seguidor de algo que é, para mim, a coqueluxe da era contemporânea. Digo isso porque o cristianismo estava sendo questionado pela sua história e pelo fato de ser religião e de ser propagadora de uma fé (que segundo os racionais era nocivo ao homem). O espiritismo se aproveitou do grande momento histórico: A decadência do cristianismo e da razão pura, e do renascimento das religiões ditas científicas e orientais para surgir como a mais nova professora da vida. O cristianismo nunca foi perdoado pelo fato de não ter conseguido responder cientificamente sobre sua fé. Mesmo com o renascer da religião, isso não foi bom para o cristianismo, que desde então se tornou uma espécie de "religião traidora". Para o espiritismo o campo foi bom: queda do cristianismo (cientificamente falando) e portadora de um discurso que abrangia a fé (esta que continha tudo que era louvável na época - sem tradição e com pensamentos atuais) e razão (elemento crucial para afirmação de veracidade). Portanto, historicamente, o espiritismo não enfrentou os duros questionamentos que o cristianismo enfrentou. Aliás, nem quero que o espiritismo os enfrente, uma vez que isso é totalmente desumano e injusto para com qualquer religião/doutrina;

2- O espiritismo vai contra a leitura cristã da Bíblia alegando que os cristãos cometem diversos equívocos nas suas interpretações dos textos. Contudo, o mesmo rigor utilizados por eles contra os cristãos, não é utilizados NELES próprios. Exemplo: Dizem que a Bíblia foi escrita por homens que, sem saberem, estavam sendo inspirados pelos espíritos, ou seja, o cristianismo não respeita a evolução da interpretação biblica, que é a base da nova doutrina chamada de espiritismo, quando este ainda insiste que foi Deus e não os espíritos que inspirou a escrita da Bíblia. Ora, esse critério deveria ser usado em suas próprias interpretações, pois quando eles pedem para que os cristãos respeitem a época atual, eles também devem respeitar a época da escrita da Bíblia. Como alguém escreveria algo inspirado assim, sem saber que está inspirado? Isso não soa muito científico como eles pregam que são. Parece mais um discurso fanático;

3- O fato de acreditarem em evolução das espécies é algo um tanto quanto controverso e delicado. Somente daqui uns 200 ou 500 anos é que tal crença será derrubada, que é o período necessário para que pensamentos tomem novos rumos. Sempre foi assim na história: Era primitiva (100 a 500 d.C); Medieval (dividida em 3: 500 a 1000, de 1000 a 1200, e de 1200 a 1400); Renascentista (1400 a 1550); Moderna (1550 a 1900) e Contemporânea (1900 a 2000). Portanto, quando se iniciar um novo ciclo de pensamento vigente o Espiritismo correrá o risco de ser questionado no mesmo rigor que foi o Cristianismo;

4- O discurso sobre caridade é o mesmo que o do cristianismo. Não preciso deixar de ser cristão para viver o amor ao próximo;

5- Só conheci espíritas que dizem ter desencarnado de pessoas ditas "boas" (pintores, cozinheiros renomados, músicos, médicos, etc), e nunca de pessoas consideradas "más", "inferiores" ou "marginalizadas" (ladrões, assassinos, bêbados, gays, etc);

6- Todo espírita que diz ter desencarnado de alguém que praticava tal atividade jamais conseguiu praticar a mesma atividade na encarnação atual. Exemplo: Se eu sei que fui músico (porque se eu digo "fui músico" me leva a crer que me lembro de algo que infere ser eu na vida anterior um músico) por que não consigo tocar sequer um instrumento? Isso é por demais comum no meio deles...

7- O kardecista alega que ciência é diferente de fé, sendo aquela superior a esta. Eu discordo: Para mim a fé é uma fonte válida de conhecimento que não parte do princípio racional para se explicar todas as coisas necessariamente. Também a ciência não pode ser considerada superior à fé uma vez que esta também erra assim como a fé já se demonstrou passível de erro. Aliás, um filósofo, conhecido como Kierkegaard, já dizia que a ciência só pode dizer que algo é certo ou errado quando através de uma hipótese. Nada se expressa sem antes vir a hipótese. Ora, a hipótese é algo não confirmado cientificamente. Portanto, a própria ciência deve dar seu "passo no escuro", ou seja, nutrir uma espécie de fé.

Basicamente estes são alguns dos pontos que descrevo. NÃO QUERO AQUI CRIAR CONTENDAS. APENAS EXPRESSAR MINHA CRENÇA CRISTÃ. Poderia ficar aqui descrevendo milhares de linhas sobre o porque não sou espírita, mas acho que estas linhas acima são simples e puras, das quais virá um singelo sentimento meu sobre amar a Deus, que é Espírito (no singular e pessoal).

4 comentários:

  1. 4- O discurso sobre caridade é o mesmo que o do cristianismo. Não preciso deixar de ser cristão para viver o amor ao próximo;

    nem li tudo, não tive nem paciencia, mas vc me parece uma pessoa culta, deveria saber que o espirita Ama Cristo, crê em Cristo e prega os ensinamentos de Cristo.A partir do momento que a pessoa segue os valores doutrinarios de Jesus é considerado Cristão, foi a menor frase por isso a li, e achei um erro. Não continuarei escrevendo pois não quero ser a causadora de discussões

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  2. aff esse negocio de ser rainha e reis na vidas passadas, só na sua imaginação, nós humanos somos tão materialistas, tão pesados que talvez sendo reis e rainhas pecaram beeem mais que um simples empregado, escravo.Não sei quem fui mas sei q gostaria muito mais ser na vida passada uma escrava, uma limpadora de estrume do que qualquer rei, ou alguem renomado
    Quem está sentado ao lado de Deus era um simples marceneiro ;)

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  3. nossa O kardecista alega que ciência é diferente de fé, hauhauhaua boua
    isso detalha que vc apesar de teologo é totalmente ignorante com relação ao kardecista.
    o espiritismos é a filosofia( ou religião) que veio pra provar a partir da ciencia que Deus existe.

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  4. Caro Anônimo;

    Percebi que os três comentários acima são de uma só pessoa pelo ritmo de chegada em meu email. Portanto elaborarei um só comentário:

    No seu primeiro comentário eu quis dizer que o amor ao próximo já era pregado no cristianismo bem antes de surgir de fato o espiritismo Kardecista. Portanto, não cabe ao Kardecista dizer que trás uma nova revelação (nem mesmo através dos espíritos) porque a mensagem é a mesma. E não adianta dizer que o espírita não diz pregar uma nova doutrina porque no fim das contas é isso. Além do mais não disse que o espírita não ama;

    No seu segundo comentário vale lembrar que a humildade não está no cargo e sim no coração; na ação; etc. Limpar estrume não é sinal de perfeição, mas desempenhar bem o papel que lhe foi outorgado isso sim é bom;

    E no seu último comentário percebi que você ainda não entendeu a história e época do surgimento do espiritismo kardecista. No Iluminismo tudo que dizia ser da fé era questionado. O kardecismo surgiu como filosofia negando a fé como aquilo que possa guiar o homem. Por isso sua aceitação no meio iluminista. Sem falar que em sua fala final fica claro o que você tanto me criticou: a diferença entre fé e ciência. Nas suas palavras o kardecismo "veio pra provar A PARTIR DA CIÊNCIA que Deus existe" (maiúsculas por minha conta). Logo a ciência, após alcançada, dispensa a fé.

    No mais, seus comentários são por demais importantes. Não se sinta constrangida (com "a" porque me parece que foi uma mulher quem escreveu. Caso não seja, desconsidere o "a" ok?).

    Abração

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