terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Sonorização de igrejas: Como compreender cada freqüência de áudio

Por Carlos Chagas

Por anos tenho sido sonoplasta em minha igreja. Por muito tempo tive dificuldades em sonorizar bem o ambiente de minha igreja. E a dificuldade não é só minha. Percebo que muitos têm essa dificuldade. Mas recentemente obtive em mão um material que responderá as seguintes perguntas que muitos sonoplastas realizam em suas igrejas: "Como equalizar bem um som?", "Como abaixar ao máximo o volume de som na igreja?", "Como descubro que freqüências são produzidas pelos instrumentos?", "Como equalizar corretamente o som dos instrumentos?", etc.

A apostila (que está disponível para download no final deste artigo) trabalha questões cruciais que devem ser observadas para uma boa sonorização do ambiente. Assuntos como mascaramento, timbragem, forma de equalização de instrumentos e vocais, faixas de freqüências divididas por oitavas e freqüências interessantes para cada instrumento musical são os assuntos tratados. Vejamos resumidamente alguns assuntos:

Para visualizar melhor as figuras clique nelas

Mascaramento Sonoro: Basicamente é a tentativa de se trabalhar freqüências específicas para atenuar a sensação de "se escutar tudo mas não perceber nada". Em ambientes nos quais uma banda toca (diversos instrumentos e vozes) e onde o ambiente não ajuda acusticamente tal mascaramento sonoro ajuda a percepção do ouvido humano emitindo determinadas freqüências para melhor desempenho auditivo (para maiores detalhes clique aqui).


Equalização dos instrumentos de acordo com a percepção auditiva do ser humano: Sabe-se que o ser humano escuta as frequências entre 20Hz - 20kHz. Portanto é interessante conhecê-las bem e entender suas funções e destaques em cada instrumento. Veja uma divisão básicas delas na tabela abaixo:


A tabela abaixo facilita para o sonoplasta perceber a falta ou excesso de cada frequência e o que cada uma pode provocar no som:

Frequências que cada instrumento trabalha (emite)

Contra-Baixo: Fundamentais entre 60 e 80 Hz; bom para atenuar em 300 Hz; ataque e pegada aumentados entre 700 e 1 kHz; ganho de 2 a 5 kHz aumenta a definição. Para eliminar ruídos de palheta e execução, atenue entre 4 e 5 kHz.

Bateria: A equalização depende do estilo de música e do instrumento. Nos tambores, em geral, a região de 80 a 250 Hz dá corpo; cortes de 300 a 800 Hz ajudam a limpar regiões indesejáveis e ganho de 3 a 5 kHz aumenta o ataque.

Bumbo: Ressonância entre 50 e 100 Hz; bom para cortar entre 200 e 800 Hz (achar o ponto ótimo); para aumentar o kick reforce entre 2 e 4 kHz.

Caixa: Corpo e peso de 200 a 300 Hz; cantada em 400 e 500 Hz; brilho de 3 a 5 kHz.

Chimbau (hi-hat): Pouca coisa útil abaixo de 1,5 kHz.

Pratos: Se os graves não forem necessários, cortar abaixo de 800 Hz a 1,6 kHz.

Tom-tons: Peso entre 150 a 300 Hz; bom para cortar entre 400 e 800 Hz (ou até 1,8 kHz, dependendo da afinação); baquetada entre 2 a 4 kHz.

Surdo: Praticamente o mesmo que os tons. Tem mais brilho nas médias-altas e a ressonância é em um ponto mais grave.

Guitarra: Peso de 180 a 500 Hz; médias desejáveis entre 800 Hz e 1,6 kHz; cortante entre 2 e 3,5 kHz; 5 kHz ajuda nos solos. Cuidado para não mascarar a voz.

Violão: Ressonância indesejável no tampo por volta dos 180 Hz; excesso retirável entre 150 e 300 Hz; clareza entre 2 e 4 kHz. Se faz parte de uma base, destacar as médias-altas.

Piano: Espectro muito vasto. Geralmente é benéfico esvaziar as médias-baixas de forma a abrir caminho para outros instrumentos. Destaca-se entre 1,5 a 2,5 kHz.

Piano Elétrico: Muito mais médias-baixas que o acústico. Retirar fortemente se estiver mascarando outros instrumentos.

Trumpete: Corpo de 120 a 300 Hz; som característico entre 1 e 3 kHz; brilho interessante entre 2 e 4 kHz.

Trombone: Corpo de 120 a 300 Hz; som característico de 450 a 600 Hz; não desprezar as médias-altas.

Madeiras (para maiores informações sobre este tipo de instrumentos clique aqui): Sons anasalados de 600 Hz a 1,2 kHz; nas flautas, sopro acima de 6 kHz; os de palheta têm destaque de 2 a 3 kHz; clarinetes atingem graves importantes entre 150 e 400 Hz; nos saxofones as médias são importantes mas podem deixar o som feio, cortem bem nas médias-altas.

Cordas: Arcos aparecem de 2 a 4 kHz; sons nasais de 600 Hz a 1,2 kHz. Cellos ressonam entre 150 e 300 Hz; violas soam naturalmente um pouco mais veladas que os violinos, realce nas médias-altas entre 2,5 e 5 kHz. Cuidado para não mascarar os violinos.

Voz: Profundidade em 120 a 250 Hz; normalmente atenuável entre 400 e 700 Hz; realça a nitidez entre 3 e 5 kHz; sibilância entre 7,5 e 10 kHz; puffs abaixo de 80 Hz. Em backing vocals, cortar graves é útil para colocá-las em um plano atrás da voz principal (lead vocal).

Espero que tais informações auxiliem a todos os operadores de áudio.

Para baixar a apostila clique aqui.

Leia também:
Apostila para curso de sonorização (sonoplastia) de igrejas - Disponível para download

8 comentários:

  1. Muito bacana o post. Gostei muito parabéns!

    ResponderExcluir
  2. Gostei muito do Blog. Vocês estão de parabéns!


    abraços

    Tiago

    ResponderExcluir
  3. Parabens ! pelo trabalho ............

    ResponderExcluir
  4. Parabéns! Mas a procedência destas informações de onde vem? Só para validar e aprofundar o estudo.

    De qualquer forma muito obrigado!

    ResponderExcluir
  5. Ótimo! Gostei da tabela que relaciona a frequência/faixa com a região

    ResponderExcluir
  6. Parabens me auxiliou no curso que to fazendo

    ResponderExcluir

Não esqueça de comentar esta postagem. Sua opinião é muito importante!