sábado, 15 de junho de 2013

Protestos por R$0,20???

Por Carlos Chagas

Quem não tem assistido aos protestos no Rio, São Paulo e Porto Alegre? Nos últimos dias grandes coisas temos visto na TV. Mas o que mais me impressiona são as mentiras de um governo de uma bagunça chamada Brasil! É o Datena no dia 14/06/2013 mostrando as imagens falando de revoltas por meros R$0,20 e gastando seu tempo (meia hora) conversando com o excelentíssimo governados Geraldinho Alkmin (sou eleitor e posso chama-lo assim) enquanto que ninguém conversou com os militantes e quando mostravam os cartazes "macroblocos" se amontoavam na imagem justo onde estavam os dizeres. Jornais do mundo, especialmente o Le Monde da Espanha passou a falar de brasileiros que lutam por centavos e não contra a corrupção.

Vergonha! Um país que tem uma democracia conseguida a ferros em menos de 30 anos e que não a valoriza. Jornalistas, guerreiros insistentes, agora abafam a verdade se tornando "algo para descarte". Chega ser doído de se ver. Não é de hoje que tenho dito que no Brasil nos dias atuais só se muda com violência ou com catástrofes que, se atingirem os de "fora e ricos", fará com que a ONU tome o poder brasileiro e, quem sabe, sejamos assim suscetíveis a mudanças.

Após o empréstimo com bancos ingleses por Dom Pedro I, a escravização, o Tratado de Tordesilhas, o Collor, os desvios do INSS, TRT de São Paulo e de governos pelo Brasil afora, as CPI's dos bingos, sanguessugas, Correios e mensalão, os absurdos gastos com a bola de futebol e não com a saúde, educação e segurança, os R$0,20 parecem ter sido a "GOTA D'ÁGUA" a entornar a piscina, porque no Brasil, copo d'água é pouco.

Atualmente nas redes sociais tem rolado muitos protestos também, e eu gostaria de publicar aqui um deles. Concordo com tudo que está escrito abaixo e, se possível, assino embaixo, porque ser cristão hoje nada mais é que lutar pela justiça, paz, amor e pela verdade.

Prezado Jabor,

Posso te chamar de Arnaldo? Ou melhor, Naldo! Ah, Naldo é bacana, vai! Tá na moda, dá um ar descolado. Apesar de o papo aqui entre nós ser bem sério hoje.

Sabe, o problema não são os "vinte centavos a mais" que você falou outro dia. É a relação inversamente proporcional entre o custo da passagem que sobe, e a qualidade do transporte público que desce.

Se pagar 3,15 no Rio me garantisse um ônibus de qualidade, em intervalos regulares e guiado por um motorista bem preparado (e educado), eu estaria feliz da vida, cara! Te juro! Deixaria até gorjeta pro "piloto". Mas você REALMENTE acha que é isso que acontece?

Ah, você nem sabe, né? Porque dentro do seu carrão super confortável deve ser mesmo muito difícil imaginar alguém andando por aí como uma sardinha em lata e se sentindo humilhado pelas condições degradantes que lhe impuseram. É quase um universo paralelo.

Confesso que fiquei bastante '#chatiado' com você, pra usar uma expressão bem comum hoje em dia entre os jovens. Jovens como eu, de classe média, com algum grau de esclarecimento e que utilizam constantemente a internet.

Uma turminha que, segundo você, não tinha nada que estar ali protestando, já que não depende de metrô, ônibus, trem. Essa foi uma das afirmações mais tolas que já ouvi em toda a minha vida, e pior ainda é que boa parte da Imprensa embarcou na mesma onda!

Diversos jornalistas - pra minha tristeza e repúdio - classificaram como mero vandalismo a ação dos manifestantes, e estão até agora tentando me convencer de que há toda uma TEORIA DA CONSPIRAÇÃO por trás, gente oportunista que estaria se aproveitando da proximidade das eleições pra manipular os demais e assim conseguir que... ok, já chega, podem parar por aí antes que o meu estômago revire de vez.

O que eu queria entender, caro Jabor, é por que não apareceu a cara de pelo menos UM empresário dono de ônibus na minha TV. Ou ao menos UMA linha sequer falando sobre eles em um jornal. Uma mísera declaração no rádio. Num site, que seja. Quem são eles? Aonde vivem? Do que se alimentam? Ninguém sabe, ninguém viu. Tal qual criaturas das trevas, eles se escondem nas sombras e são sempre poupados, preservados. Por quê???

Enquanto isso, policiais tomam pedrada, estudantes levam gás de pimenta, rodoviários são escravizados, trabalhadores são prejudicados. Aí você veste o seu terninho elegante, vai pra frente da câmera e tem a PACHORRA (só pra usar um termo que gente velha adora) de me falar que isso tudo foi "por causa de vinte centavinhos a mais"?

Olha, eu condeno atos de violência e acho lamentável depredar lojas, saquear, fazer balbúrdia. Mas desviar a atenção toda pra essa questão, como se fosse este o foco do problema, e querer refletir sobre a força maligna que estaria por trás, é de uma covardia que eu não sei nem dimensionar. Mais do que isso, é querer me chamar de abestado!

Ainda mais com essa total PARCIALIDADE que os meios de comunicação estão demonstrando, querendo desqualificar os protestos legítimos e praticamente dizer que eles são um exagero, coisa de um bando de gente reprimida que não tinha videogame pra extravasar sua raiva e decidiu protestar contra a primeira bobeirinha que apareceu.

Sou capaz de aceitar que esse discurso de lavagem cerebral venha de um político idiota, pois assim são os políticos. Pega o Paes no Rio e o Haddad em Sâo Paulo, que você vai ver. Ou o Cabral e o Alckim. O discurso é o mesmo, são tudo farinha do mesmo saco. Só muda o sotaque.

Agora, vir de jornalistas como você, Naldo, aí não dá pra engolir. Esse posicionamento antagônico com a população mostra apenas a falta de identidade e o descompasso que a profissão vive atualmente, mas aí é outra história, deixa quieto.

Coincidentemente, olha só, precisou que uma repórter da Folha fosse atingida no olho por balas de borracha pra começarem a rever os conceitos e partirem pro ataque. Mas atacar quem, cara-pálida? Eu? Você? Ei, espera aí galera, que eu saiba devíamos estar lutando juntos, do mesmo lado! Só que não.

Realmente, deve ser muito mais legal pros nossos prefeitos e governantes que o mundo ache que isso aqui é uma festa incessante, uma farra do bundalelê! Onde todo mundo vai trabalhar de biquíni e sunga, sambando no pé e com um sorriso de orelha a orelha, batendo uma bolinha na hora do almoço e voltando pra floresta em um carro alegórico, tudo regado a bastante caipirinha e cerveja gelada. No dia seguinte, tudo de novo, claro!

Afinal, estamos no Brasil, o malandrão, a potência, a terra do jeitinho. Aqui é tudo tão bom, tão perfeito, que a gente só de sacanagem resolve dar uma aprontada de vez em quando, só pra ver qual é.

Sim, há muito jovem alienado de classe média (e alta) nas redes sociais. Mas eu prefiro falar dos que têm algo a dizer, e não só os que dizem, mas principalmente fazem. Há militantes em potencial por aí, e não rebeldes sem causa. Até porque o que não faltam são causas pra lutar.

Também tem os aproveitadores, e a galera do oba-oba, mas eles são que nem barata, estão em toda a parte. A garotada de hoje em dia pode não ter lutado na Ditadura, nem nas Diretas ou no Impeachment do Collor. Mas tem voz e ferramentas pra reclamar de muita coisa, nessa bagunça em forma de país.

Que não subestimem os jovens por gostarem de um Facebook aqui, um Instagram ali, um vídeo engraçado do Youtube acolá. Gostar de alguma futilidade não é ser alienado e
nem indiferente. E é por isso mesmo que eu te digo, Naldo Jabor: Você errou. Errou feio. Errou rude. E se existe um Deus (polinésio ou não) ele tá de olho em você.

Um abraço, do amigo Sandro

#FicaDica

2 comentários:

  1. Tenho observado os que se chamam cristãos se mobilizando ultimamente em torno de questões ligadas à homossexualidade e ao aborto. Aliás, muitos aderem a movimentos sem ao menos terem tomado conhecimento do conteúdo a ser debatido e fazerem uma análise crítica à luz dos ensinos de Jesus. Vão como piolhos, pela cabeça dos outros, sem formarem uma convicção sólida. Todavia, quando se trata de mobilização contra corrupção e injustiça social, estes mesmos cristãos se calam. Isto não é com eles, pois não são questões atinentes ao Evangelho. Como não? O Evangelho de Jesus nos desafia a tomar pelo menos três atitudes.

    1. O Apóstolo Paulo recomenda que os cristãos orem pelas autoridades, a fim de que todos desfrutem de uma vida tranquila e pacífica (1 Timóteo 2:1-4).

    2. No famoso Sermão do Monte, Jesus questiona nossa iniciativa de tirar o cisco do olho do outro quando há uma viga no nosso. Recomenda que devemos nos autoavaliar e nos tratar para podermos tratar melhor do problema alheio (Mateus 7).

    3. Por fim, Jesus ensina: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois serão saciados” (Mateus 5). A busca incessante pelo estabelecimento de uma forma de vida agradável a Deus na sociedade é nitidamente estimulada pelo Mestre.

    Penso que a pior postura do cristão num momento de clamor popular contra corrupção e injustiça social é a indiferença. A insipidez e a escuridão em que o país vive parecem constituir o palco ideal pra que o cristão viva o cristianismo de forma piedosa, ativa e relevante:

    "Vocês são o sal da terra. Mas se o sal perder o seu sabor, como restaurá-lo? Não servirá para nada, exceto para ser jogado fora e pisado pelos homens. Vocês são a luz do mundo... Brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus" (Mateus 5).

    Alguém acende a luz, por favor?

    Rodolfo Seifert

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  2. Caro Rodolfo;

    Isso que você falou é verdade mesmo, mas se for analisada a teologia cristã evangélica você perceberá que as brigas dos cristãos só acontecem quando o governo ofende a Deus ou quando suas atitudes provocam diretamente o cristão. No caso da corrupção no Brasil isso não importa para a grande massa cristã evangélica porque sua teologia se volta para a salvação transcendente e não a imanente. A corrupção se dá no Brasil, que ao ver de um cristão bitolado, é de Satanás. Aliás, quanto mais o circo pegar fogo melhor é para o cristão, contanto que não o atinja diretamente.

    Abração

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