Por Carlos Chagas
O que mais se vê em dias atuais são pessoas que criticam as religiões, não só as cristãs, mas todas. O que muitas dessas pessoas não sabem é que é graças a religião, e falo da cristã, que surgiu a ciência tal como ela é conhecida hoje. A partir da Reforma Protestante, a abertura que se teve para pensar, de forma crítica, veio como uma luva para seus contemporâneos. Para qualquer estudioso de história, comprometido com a verdade, é fato que o Iluminismo é um fruto amadurecido que nasceu na Renascença e se fortificou com o evento da Reforma. Segundo o pensamento de Cláudio Leite e Fernando Leite no livro "Cosmovisão Cristã e Transformação", para a primeira geraão de protestantes da Reforma "...Deus não se revelou apenas pelas Escrituras, mas também pelo 'Lívro da Natureza'." (Pág.: 32).
Foi na Reforma que a arte e a ciência passaram a serem vistas pelos protestantes como vocações divinas. E é a partir daí que o trabalho focalizado em todas as faculdades do conhecimento se tornou algo árduo e organizado. A partir daí, graças aos protestantes, pessoas se lançaram ardorosamente à ciência.
Graças à nova compreensão de natureza, racionalidade e do método científico houve a possibilidade do homem experimentar a Revolução Científica e, mais tarde, a explosão magnífica do Iluminismo. Mas é no Iluminismo que a razão humana, agora cheia de si, e somente de si (antropocentrismo incalculável) passa a cuspir no prato em que comeu. Pelo fato da filosofia estar voltada à compreensão de mundo a partir das sensações e compreensões humanas, tudo que se diz fora do homem (e aqui inclui o religioso) não serve para explicar o mundo.
Sabe-se que os últimos séculos são talvez a maior herança racional que o homem já adquiriu. E que ainda o homem experimenta apenas seus primeiros frutos. Todavia o homem ateu / filosófico / agnóstico / terceirizado / autônomo / anárquico e todos os possíveis adjetivos que o expressem como que apartado de qualquer compreensão e confissão religiosa deve ter em mente que jamais se despreza os pequenos inícios. Além do mais, sabe-se que foi um erro o que a religião fez quando freou o conhecimento possível ao homem na Era Medieval, matando todos aqueles que praticavam estudos que fossem contra a confissão de fé da Igreja. Séculos depois, a "bola da vez" é o movimento filosófico e cultural atual. Que os seus adeptos não tragam à prática aquilo que tanto criticam na religião que, às vezes chega a ser absurdo e incoerente, outras vezes certo e compreensível, todavia carecendo de perdão e apoio, afinal, um corpo anda graças às duas pernas.
"Você homem perfeito: Gostaria de ficar aleijado arrancando uma de suas pernas? Também não."
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