Por Carlos Chagas
Parece que o ser humano é louco para que o mundo acabe! Durante a história humana milhares de datas foram marcadas como sendo o fim da vida na Terra. No que tange a datas cristãs, foram mais de 220 oficializadas (para ver clique aqui), mas, ao que dá para se ver, nenhuma se concretizou. Parece que o mesmo fim terá a tão falada profecia maia: De que o fim do mundo se dará em 21 de dezembro de 2012.
Essa mais nova profecia catastrófica não tem se mostrado assim, ao menos, para Hollywood, uma vez que uma megaprodução cinematográfica gerou milhões de dóllares para artistas e produtores no filma chamado 2012.
Entretanto, apesar de milhões de bytes na internet relatando o final do mundo para este ano e de filmes, jornais, revistas, artigos e estudos que buscam veracidade sobre tal fim sabe-se que os maias jamais previram isso, assim como não previram sua própria decadência e fim como civilização e nem a chegada de espanhóis às suas terras. "Não há registros de uma ocupação deles com o final dos tempos", diz a professora de História da América Etiane Caloy da PUC do Paraná. Ela continua dizendo: "... a data de 21 de dezembro é o final de um ciclo que dá início a um novo ano, somente isso". Assim, o que se diz sobre o fim do mundo revelado pelos maias é mera interpretação, e errada por sinal.
Alexandre Guida Navarro, professor de História da América pela UFMA afirma que para os maias a concepção sobre um possível fim do mundo é praticamente nula, já que vários dos mitos desse povo dão margem a diversas situações que privilegiam a criação do universo. Segundo Navarro: "Eles não acreditavam no fim do mundo simplesmente porque, para essa civilização, o mundo não tinha fim. Ao contrário, ele estava em constante transformação". Navarro é enfático em dizer que jamais se ouviu histórias ou ou referências sobre o fim do mundo desse povo. "Nenhuma comunidade atual tem essa 'memória' do fim do mundo [...] foi uma criação ocidental para atrair o público a temas especulativos ...", salienta. Quanto à escolha da data é porque o calendário Maia termina em 21 de dezembro. Talvez tenha sido apenas falta de tempo para esculpir em pedra sua continuação, especulam alguns.
Mas então, porque a escolha do dia 21 de dezembro de 2012? Entenda abaixo:
Os Maias possuíam, ao menos, 2 calendários. Um de fato era de uso oficial. O outro nem tanto mas talvez dos demais povos mesoamericanos. Todavia, era de extrema importâqncia para o povo maia registrar detalhadamente os acontecimentos históricos de seu povo como: coroação dos reis, fundação de cidades, surgimento de novas dinastias, etc. Outro detalhe é que possuíam concepção circular e cíclica do tempo baseada na observação dos astros. Isso fez com que elaborassem um calendário complexo e preciso subdividido. Vamos a estas subdivisões:
Haab: Calendário solar formado por 18 meses e 20 dias totalizando 360 dias. Os 5 dias restantes formam um mês conhecido como Wayeb, que acreditavam estar associado aos maus augúrios. Portanto, um ano de 365 dias como o nosso.
Tzolkin: Calendário religioso composto por 13 meses de 20 dias, que totalizam 260 dias. Era este calendário que regia a vida do povo, suas cerimônias e a organização das tarefas agrícolas.
Conforme os estudos de Navarro, estes calendários funcionavam intercaladamente como "engrenagens". Um dependia efetivamente do outro para "girar". Realizando-se contas matemáticas é perceptível que as datas só se encontrariam novamente após 52 anos. O primeiro dia do do primeiro mês de cada um deles só se repetiriam após esses 52 anos. Isso gera um terceiro calendário que é chamado de Roda Calendárica pelos estudiosos, já que preferem destacar a dinâmica de funcionamento dos calendários como "engrenagens".
Assim, ao terminar os 52 anos, para os Maias, era como se iniciasse um novo ciclo. Para eles o mundo passaria por um período de transformações, remodelação e reestruturação. Por isso, os maias destruíam seus templos e construíam outros em cima. Ou então destruíam cidades e criavam novas formas. Ao estudar as estruturas das pirâmides maias é percebido que as mesmas são construídas como um bolo: feitas a partir de “fatias”, as quais eram construídas ao final de cada ciclo de 52 anos. E qual era o objetivo? Garantir o equilíbrio cósmico.
No fim da Roda Calendárica era comum o derramamento de sangue como ritual de boas vindas à renovação. Esse derramamento poderia ser por decaptação ou por cardiotecmia (retirada do coração ainda pulsando do peito da vítima). Tal ritual era de extrema importância religiosa pois o sangue é o líquido vital. É com ele que o universo veio a ter vida.
Ainda há outro calendário chamado de Longa Contagem que é composto de um ciclo com 5125,37 anos ou 1 milhão 872 mil dias d o qual foi descoberto uma possível relação entre o nosso calendário gregoriano. Ao se comparar ambos descobriu-se que a última data de início do ciclo da Longa Contagem foi no dia 11 de agosto de 3114 a.C. Assim, para místicos e crédulos 21 de dezembro de 2012 é uma data muito importante.
Fonte:
SILVEIRA, Evanildo da. Apocalipse: O fim do mundo. O último calendário. Super Interessante, São Paulo, n.291, p.18-25, maio 2011.
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