sábado, 27 de fevereiro de 2010

OS JUDAÍSMOS DO PRIMEIRO SÉCULO

Por Carlos Chagas

Para se falar do judaísmo da época de Cristo, deve-se antes entender a situação da história da Palestina antes e nesta época. Para se ter uma idéia, o judaísmo nos anos que antecediam a vinda de Cristo ainda não era tratado no plural como está no título desta obra. Séculos antes do nascimento de Jesus, precisamente na revolta dos Macabeus, período onde se tentava resgatar os valores político-religiosos que uma vez foram perdidos com o acontecimento dos cativeiros assírio e babilônico, houve diversos movimentos que visavam o retorno às tradições mosaicas descritas no Pentateuco e nos livros (pergaminhos) proféticos. O ritual que servia como culto a Javé era algo, até então, muito influenciado devido às culturas que iam e vinham à Palestina.

Os movimentos religiosos que surgiram foram muitos. Alguns vieram como grupos que se fixavam sem muitos problemas com os demais, mas os que se destacaram foram: Os samaritanos; os fariseus; os zelotes; os saduceus; os essênios; o movimento de batizadores. Estes foram antes do ano de 70 d.C. Após esta data surgiram: O judaísmo rabínico; místicos apocalípticos e o cristianismo.

Os movimentos que surgiram no período macabeu vieram com características fortes da tradição antiga. Por exemplo, os fariseus, que vieram resgatar a Lei e sua observância, acreditavam que, obedecendo à risca a esta Lei, o reestabelecimento do reino de Israel seria inevitável. Porém os saduceus buscavam preservar o culto mosaico adaptando leis morais para os tempos atuais, o que era inaceitável para um fariseu. Os zelotes, por sua vez, defendiam por meio da força os seus interesses. Acreditavam ser os “soldados de Javé”. Já os essênios buscaram refúgio nos desertos para a prática de sua fé e devoção. Todos esses supra citados neste parágrafo, apesar de divergirem em alguns pontos, buscaram algo em comum: O retorno à tradição; ao antigo; “ao que trazia esperança”.

Mas, se for dada devida atenção aos manuscritos de Qumram, será percebida que não foi só por estes já citados que se alcançava novos caminhos para uma comunhão com Javé. Movimentos como o movimento dos batizadores foi algo inovador e muito freqüentado, pois se acreditava que a água era um elemento de purificação espiritual. Então este grupo praticava batismos idênticos ao de João Batista para a pureza interior. Aliás, ainda existem dúvidas se João Batista era uma vertente deste grupo, apesar de que João Batista possuía uma diferença em seu ministério: Ele pregava o batismo para a remissão dos pecados e não para a Salvação.

Ao seguir a história, percebe-se ainda que existem mais três grandes vertentes. A primeira é o judaísmo rabínico, que, mesmo depois da destruição do Templo em 70 d.C., estes “fariseus reformados” buscam priorizar o ensino da Lei e a fidelidade à aliança, não se esquecendo do Templo que deixou de existir. A segunda são os místicos, que se estribavam nos livros proféticos como o de Ezequiel esperando uma revelação de Deus como foi para tal profeta. E a terceira vertente é a do cristianismo. Este veio com características totalmente judaicas, mas que com o passar do tempo foi adquirindo roupagem nova. Foi acusado de heréticos por não observarem a Lei de forma tradicional. Todavia o cristianismo fez uma releitura da Lei mosaica e os ensinamentos de Jesus juntamente com a sistematização da fé apoiada pela filosofia.

O que se percebe é que é muito necessário ao homem cultuar a Deus debaixo de uma tradição e de uma segurança doutrinária. Este período foi muito complicado devido à miscelânea de crenças que vieram a partir de invasões de diversos reinos com suas culturas distintas. Apesar disso tudo, Deus não deixou de se revelar. E uma cultura que foi muito usada foi a cultura judaica. O fato é que o Judaísmo foi e é a base de muitas doutrinas e seitas, dentre as quais se encontra o cristianismo, que ainda hoje possui características que só são encontradas no meios do judaísmo.

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