sábado, 27 de fevereiro de 2010

Resenha: História Política de Israel

Por Carlos Chagas



A HISTÓRIA DE ISRAEL SEGUNDO AS DESCOBERTAS
CIENTÍFICAS E ARQUEOLÓGICAS

CAZELLES, Henri. História política de Israel: desde as origens até Alexandre Magno. 2.ed. São Paulo: Paulus, 1986.

Henri Cazelles é autor do livro Histórias políticas de Israel e de outros livros. É também especialista no Antigo Testamento. Seu livro trata da história de Israel numa perspectiva arqueológica e científica, e não literário e poético como é visto na Bíblia.

O livro de Cazelles pode ser dividido em três partes. Na primeira, a obra trata de falar de Israel de forma introdutória. Nesta, o autor prepara o leitor para a forma de abordagem do livro, alertando para as possíveis citações de descobertas científicas feitas pelos estudiosos na terra de Israel e adjacências. Na segunda parte ele, o autor, apresenta Israel antes de sua monarquia. Na terceira ele apresenta Israel já no período monárquico até sua queda com os exílios babilônico e assírio.

Cazelles trabalha, em sua introdução, a questão de se abordar a história de Israel segundo uma pesquisa que vai além da pesquisa bíblica, uma vez que a Bíblia, segundo Cazelles, não possui informações suficientes para conhecer Israel e seu relacionamento com as nações vizinhas. Ele relata que sua pesquisa não tem a intenção de colocar a Bíblia como ponto central de sua pesquisa. Na verdade, a intenção de Cazelles é deixar a história falar por si, quer seja com a Bíblia, quer seja com pesquisas modernas.

Em sua segunda parte, Cazelles trabalha a história de Israel antes de sua monarquia. Segundo Cazelles, falar desta época em que Israel viveu é muito difícil, porque os materiais de pesquisas são poucos e os materiais literários também são escassos. Além de escassos, são materiais em decomposição. Em sua obra, o autor fala de um Israel extremamente envolvido em seu meio de convívio, o que não é muito visto nos relatos bíblicos. Cazelles tem a cautela de mostrar como era o relacionamento de Israel ante seus inimigos, amigos, etc. Israel era uma nação como qualquer outra. Tinha suas relações comerciais, culturais, sociais, enfim, possuía sua vida própria, como qualquer nação. O que lhe diferenciava das demais era seu relacionamento com Deus de forma monolátrica. As nações vizinhas eram idólatras e suas formas de adoração às divindades às vezes fugiam da ética humana.

Para Cazelles entrar na terceira parte, ele faz uma caminhada na sua segunda parte, mostrando ao leitor, a necessidade que Israel tinha, de ter um rei. Todas as nações vizinhas de Israel já possuíam um rei, de menos Israel. Daí se entra na terceira parte de sua obra. É nesta parte de o autor afirma, sem hesitar, que Israel vive seu Apogeu. Israel conquista terras, passa a ter palácios, começa a contar registrando sua história em livros, seus reis empenham em dar ensinamentos em áreas específicas como: ensinamento para se ter escribas, artesãos, bons políticos, etc. Mas é nesta época que Israel se depara com diversos problemas internos, que o leva a sofrer corrupções, golpes, revoltas internas. Tudo partindo de dentro do próprio país. Israel começa a declinar do seu Apogeu. Suas relações externas ficam comprometidas, dando oportunidades para as nações vizinhas tomarem frente às conquistas. Com isto, Israel se vê no regime do exílio. Do exílio babilônico e assírio. A história de Israel toma um novo rumo. A história se torna amarga e de sofrimento.

Cazelles desfecha sua obra com a intervenção de outras nações na nação de Israel, dando a oportunidade para a criação de um livro que continue a história.

O livro de Cazelles é muito rico, quando se trata de história. Porém, pelo fato de ser uma obra não-poética, o livro se torna difícil para se compreender. Há muitas citações, o que dificulta a leitura, uma vez que existirão paradas na leitura para a consulta das mesmas. O livro é muitos rico também na confiabilidade histórica devido às consultas a diversos autores de outros livros por Cazelles. O livro é indicado para pessoas que têm uma boa noção geográfica, pelo fato de que o livro faz menção de citar nomes de cidades da época narrada. É indicado também para aqueles que querem fugir do romance histórico, ao qual os relatos bíblicos tendem a arremeter seus leitores. Muito indicado para aqueles que preferem uma visão mais neutra e racional da história de Israel.

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