sábado, 27 de fevereiro de 2010

Resumo: Cur Deus Homo

Por Carlos Chagas



No livro Cur Deus Homo (Por que Deus se fez homem?), Santo Anselmo trabalha a questão do pecado humano; da salvação do homem ante a Queda no Éden. Porém, deve ser dito antes que o livro é um diálogo de Anselmo com Boso, uma personagem que, na verdade, é o próprio Anselmo. Nesse diálogo Anselmo busca, de forma racional, explicar como e porque Deus encarna para viver no meio da humanidade.

Segundo Anselmo, o homem foi criado para suprir o número de anjos que caíram devido às suas práticas malignas. Porém, o próprio homem não conseguiu completar o que lhe foi proposto: Este também pecou e conseqüentemente caiu. Anselmo então parte para tentar explicar o porquê da intenção de Deus em se fazer homem para salvar o próprio homem de seu erro.

Em sua obra, Anselmo coloca que o homem foi criado livre lá no jardim do Éden. Este teria a condição de escolher entre o Bem e o Mal, mesmo tendo em vista que Deus disse que isso não seria bom para ele. O homem, em meio ao seu egoísmo, opta por conhecer o Bem e o Mal. Daí o problema: O homem passa a ser dominado pelo Mal; este se torna senhor da vida humana. Logo, todos da linhagem de Adão passam a ser escravos deste Mal.

Conforme as leis naturais que Deus criou, segundo Santo Anselmo, o homem pecou segundo sua vontade, o que, conseqüentemente o faz ter a possibilidade de se redimir do erro (pecado) também pelas próprias forças. Ou então de ser salvo pela ajuda de outro de fora; de alguém que está “limpo” deste erro. Anselmo diz que o homem tentou se redimir do erro, porém seu estado de culpa não o deixa em condições de se manter redimido. Logo, o homem se vê na necessidade de ter uma ajuda de fora para conseguir se salvar. Com isso Anselmo explica a necessidade da encarnação de Deus para salvar o homem de seu erro.

Deus então se inclina para a salvação do homem. Porém, um homem pecou, logo, um homem tem que pagar pelo erro. Deus, em seu infinito amor, se faz homem para pagar o “preço de resgate” pela humanidade, fazendo com que sua criação não fuja de seus planos. Jesus Cristo é a encarnação e o ápice da revelação. É nele que está a ordem de tudo e de todos.

Contudo, Boso, a personagem questionadora, em uma de suas perguntas, indaga Anselmo com a seguinte questão: “Por que Deus se fez homem para salvar o homem e não se fez anjo para salvar os anjos?”. Aliás, esta pergunta é feita pelo menos quatro vezes por Boso no decorrer da obra, mas Anselmo diz que para se compreender a resposta para tal pergunta, se deve antes conhecer, de forma cabal, a situação do homem em seu erro, e Deus em sua intenção redentora. Mas a insistência de Boso com tal pergunta tem seu fim quando Anselmo consegue explanar, de forma sucinta, o verdadeiro estado do homem ante a Deus. A resposta de Anselmo é que o homem pecou recebendo uma influência de fora (da serpente). Após isso, o homem teve a escolha, influenciada pelo egoísmo, em pecar. E foi o que aconteceu. Por isso, se o homem foi influenciado ao erro por alguém de fora, que problema teria ele ser também influenciado por alguém de fora a corrigir o erro? Mas Boso ainda pergunta sobre o porquê de Deus não se ter feito anjo para a salvação dos anjos. Anselmo responde que a serpente pecou sem sofrer influência de alguém de fora, por isso a correção do erro deve partir dela própria, o que é impossível, uma vez que a serpente está longe da graça de Deus, que é o que capacita alguém a consertar o próprio erro. Deus se faz homem devido ao seu infinito amor e ao seu alto grau e ciência de Justiça.

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